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sábado 4 maio 2024
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Marcelo Odebrecht acusa Lava Jato de agir de ‘forma ilegal’ e ‘cruel’

Presidente da maior empreiteira do País questionou ponto a ponto as acusações

Presidente da maior empreiteira do País questionou ponto a ponto as acusações da força-tarefa da Lava Jato | Foto: YouTube / Reprodução / CP

                             Foto: YouTube / Reprodução / CP
O presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou à Justiça Federal, nesta sexta-feira, que a força-tarefa da Operação Lava Jato ‘distorceu fatos’ com o objetivo “ilegal” e “cruel” de sujeitá-lo à prisão preventiva.
Ele está preso desde 19 de junho, em Curitiba, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa na Petrobras.


“Fica evidente a distorção dos fatos com o objetivo malicioso de atribuir a mim uma intenção de fuga completamente infundada. Trata-se de uma iniciativa não apenas ilegal, como cruel, apenas para me sujeitar a pedido de prisão preventiva”, afirmou Odebrecht em defesa escrita entregue ao juiz federal Sérgio Moro – que conduz os processos da Lava jato – antes de ser interrogado.


O interrogatório de Odebrecht, o mais esperado até aqui na Lava Jato dentro do rol de acusados do núcleo empresarial, marca a fase final da ação penal envolvendo ele e outros cinco executivos do grupo – que também negaram relação com o esquema, em depoimentos prestados nesta sexta-feira e na quinta, 29. “Importante esclarecer desde logo que nunca cogitei interferir em investigações”, afirmou ele em manifestação escrita ao juiz. Em uma sequência de 60 perguntas e respostas, o presidente da empreiteira tenta rebater argumentos da acusação do Ministério Público Federal, que justificaram o decreto de prisão preventiva.

Uma das anotações questionadas pelo empresário foi a que registra: “trabalhar para parar/anular (dissidentes PF…)”. Para a Polícia Federal, tratava-se de possível orientação à defesa para atrapalhar as apurações da Lava Jato.

“Esta anotação foi feita, portanto, apenas para acompanhar o assunto, não tendo qualquer relação com as ilações feitas pelo Ministério Público no sentido de que eu estaria manipulando investigações”, sustenta Odebrecht.


“A alegação de que poderia ter interesse em interferir nas investigações não é verdadeira; a interpretação da anotação é propositadamente deturpada, sendo absolutamente desarrazoada a utilização de fatos noticiados em reportagens de jornal para fundamentar uma acusação penal.”


Preso desde 19 de junho, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Erga Omnes – desdobramento da Lava Jato -, Odebrecht foi interrogado hoje pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da Operação Lava Jato, como réu em processo por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em nota, a Odebrecht informou que Marcelo Odebrecht “lamentou a prisão absolutamente ilegal imposta a ele há mais de 130 dias. Não há fundamento subsistente para impor essa medida extrema de restrição de liberdade”.

Em declarações entregues por escrito ao juiz e depois em interrogatório com o juiz, Odebrecht questionou ponto a ponto as acusações da força-tarefa da Lava Jato. Questionado sobre o cartel, do qual participaria sua empresa, ele negou. “Nunca ouvi falar, nem soube desse tipo de atuação de qualquer empresa do Grupo. Além disso, não me parece sequer fazer sentido essa afirmação, considerando que a Petrobras convida participantes de suas licitações que são previamente cadastrados, pré-qualificados e define preços”, respondeu em declarações que sua defesa apresentou ao juízo, antes dos questionamentos. “A alegação da existência de indícios de cartel com participação da
Odebrecht se mostra, portanto, absolutamente inconsistente e absurda.”

Odebrecht em seu roteiro de perguntas e respostas apresentado pela defesa no processo, antes do interrogatório, atacou a interpretação do Ministério Público Federal de anotações que sugeririam seu conhecimento e controle de contas secretas da empreiteira fora do País.

“Concluir, a partir dessas notas, que eu teria ‘manifesto’ conhecimento, controle e gestão sobre operação de lavagem de dinheiro é, no mínimo, um absurdo, ainda mais quando se verifica que as provas produzidas no processo não autorizam, nem de perto, essa disparatada conclusão.”
Correio do Povo



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