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sexta-feira 22 novembro 2024
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Lori de Fátima, filho dela e um agricultor morreram atingidos por caminhão. Grupo parou para ajudar condutor que capotou na RS-404, na terça (10).

Rafaella FragaDo G1 RS

Lori, que morreu em acidente, e Cleusa: amigas há 10 anos (Foto: Cleusa Oliveira/Arquivo pessoal)
Lori, que morreu em acidente, e Cleusa: amigas há 10 anos (Foto: Cleusa Oliveira/Arquivo pessoal)

Vítimas do acidente envolvendo um caminhão, que atropelou e matou quatro pessoas na RS-404 na tarde de terça-feira (10), a manicure Lori de Fátima dos Santos, de 43 anos, e o filho dela Thaison Mateus de Oliveira, 21, eram voluntários em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, cidade onde moravam. Por isso, eram conhecidos por ajudar quem precisasse, conforme o relato de uma amiga.

O acidente que tirou a vida dos dois ocorreu entre as cidades de Rondinha e Ronda Alta, no Noroeste do Rio Grande do Sul, e vitimou ainda outras duas pessoas. Os corpos de mãe e filho foram sepultados nesta quarta (11) em Constantina, no Norte do estado, cidade natal dela e de onde a família retornava de férias, antes da tragédia.

“A Lori morreu sendo Lori. Ela jamais ia passar em um lugar sem ajudar quem precisasse, mesmo se ela mesma corresse o risco, como ela correu. Ela era amor puro”, diz ao G1 a amiga Cleusa Oliveira, 42 anos, que também é voluntária.

De acordo com os policiais, o motorista de um Prisma perdeu o controle, capotou e bateu em árvores na altura do km 13 da rodovia. O agricultor João Paulo Mattei, de 67 anos, que morava perto do local do acidente, foi até o local e resgatou o condutor Erni da Rosa Rodrigues, 40 anos, que saiu com ferimentos leves.

Minutos depois, uma família que viajava também parou para prestar socorro. Mãe e filho desceram do carro para ajudar, quando um caminhão que vinha pela rodovia atingiu o grupo.

A caçula Thainy Joana de Oliveira, de 8 anos, e a namorada de Thaison, Melissa Garcia Godoi, 22 anos, foram encaminhadas para o Hospital de Ronda Alta. O estado de saúde delas é estável. Micheli da Silva Rodrigues, 17 anos, e Mateus da Silva Rodrigues, 14 anos, que eram passageiros do veículo Prisma, que capotou, foram encaminhados em estado estável para hospitais de Passo Fundo.

“A gente sabe que a Lori resgatou as crianças do outro carro, colocou elas no carro dela. E isso conforta até, sabe? Porque a gente sabe que ela estava fazendo o bem a alguém”, comenta a amiga.

É muita dor, a gente sente muito, é claro. Mas vão ficar as lembranças boas. Nosso conceito diz que ela foi trabalhar do lado de lá. Ela cumpriu sua missão aqui”
Cleusa Oliveira, 42 anos, amiga
de uma das vítimas

Integrante da Sociedade Espírita, a família de Lori integrava o Caravaneiros do Bem, fundado há quase dois anos para praticar ações de caridade em Novo Hamburgo. Lori era uma das líderes. O grupo atendia, principalmente, moradores em situação de rua. Distribuía comida, arrecadava doações e fazia visitas regularmente.

“A Lori era muito ativa. Ela chegava e abraçava, beijava, quem quer que fosse. Não importava a cor, idade, sexo. Ela nos mostrava como era um amor grandioso”, lembra a amiga. “Nesse último ano, nos reunimos quase semanalmente. E foi o ano em que ela se dedicou muito, se destacou mesmo. E essa união fortaleceu ainda mais a nossa amizade”, conta Cleusa. As duas se conheciam há cerca de 10 anos.

Thaison foi ‘Papai Noel’ de indígenas
A caridade da mãe passou de exemplo para o filho. Depois que saiu do Exército, Thaison passou a se engajar nas ações de solidariedade. No último Natal, vestiu-se de Papai Noel para distribuir doações a um grupo de indígenas que costuma acampar na Rodoviária de Novo Hamburgo.

“No início ele [Thaison] fazia a comida para nos ajudar nas entregas das marmitas. Mas quando ele começou a sair pra rua, não quis mais parar. A Lori realmente envolvia toda a família na causa”.

Cleusa, o marido e uma amiga, que também integra o grupo espírita, viajaram até a cidade de Constantina para se despedir de Lori e Thaison. “A gente se chamava de ‘mana’. Perguntavam se nós éramos irmãs, até por sermos meio parecidas, e a gente respondia que sim, que éramos irmãs de coração”, completa, emocionada.

“É muita dor. A gente sente muito, é claro. Somos humanos. Mas vão ficar as lembranças boas. Nosso conceito diz que ela foi trabalhar do lado de lá. Ela cumpriu sua missão aqui”, conclui ela.

 G1



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