Foram apreendidos 40 quadros na casa de Pascowitch durante 13ª fase da Lava Jato
Lobista preso pode ter pago propina com obras de arte, aponta PF | Foto: Luiz Carlos Murauskas / Folhapress / CP
A Polícia Federal (PF) tem elementos para apontar que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque pode ter recebido obras de arte como pagamento de propina. Pelo menos três quadros entre os 131 apreendidos na residência do ex-diretor indicado pelo PT, no Rio, em março, teriam sido pagos pelo lobista da Engevix, Milton Pascowitch, preso nesta quinta-feira na 13ª etapa da Operação Lava Jato.
“Foram aprendidas nesta manhã 40 obras de arte na casa de Pascowitch, em São Paulo, e outras 20 na casa de seu irmão, José Adolfo – que foi conduzido coercitivamente”, afirmou o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paulo. “Esse é um mecanismo habitualmente usado para lavar dinheiro, são pagas com dinheiro em espécie. É um mercado não muito rígido e muito fértil para lavagem de dinheiro”, acrescentou o delegado.
De Paulo destacou que a PF conseguiu identificar três oportunidades em que Duque escolheu pessoalmente a obra de arte. “Pelo menos três casos já foram identificados em que ele (Duque) escolheu quadro, comprou e solicitou que fosse pago pelo operador”, disse.
Peças-chaves na investigação de Dirceu
Na casa de Pascowitch foram encontrados documentos de obras que estava registradas em nome do ex-diretor de Serviços. Pascowitch e Duque são peças-chaves nas investigações que envolvem o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria. Jamp e a própria Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu – também por serviços de consultoria, entre 2008 e 2012.
A empresa de Dirceu está sob suspeita de ter recebido dinheiro do cartel por consultorias frias. Ele prestou serviços de “lobby internacional” para a Engevix Engenharia, uma das empreiteiras do cartel na Petrobras, sustenta a Lava Jato. Os quadros apreendidos em outras fases da Lava Jato estão expostas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A Operação Lava Jato apreendeu um acervo total de 203 quadros. Nos primeiros pacotes já entregues ao museu, apenas uma tela – da doleira Nelma Kodama – era réplica.
Fases anteriores:
1ª fase (17/03/2014) – PF deflagra a Operação Lava Jato em sete estados e cumpre 130 mandados judiciais;
2ª fase (20/03/2014) – PF cumpre 6 mandados de busca e 1 de prisão temporária;
3ª fase (11/04/2014) – PF cumpre 16 mandados de busca, 3 de prisão temporária e 6 de condução coercitiva;
4ª fase (11/06/2014) – PF cumpre 1 mandado de busca e 1 mandado de prisão preventiva;
5ª fase (01/07/2014) – PF cumpre 7 mandados de busca, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva;
6ª fase (22/08/2014) – PF cumpre 15 mandados de busca e 1 de condução coercitiva;
7ª fase (14/11/2014) – PF cumpre 49 mandados de busca, 6 de prisão preventiva, 21 de prisão temporária e 9 de condução coercitiva;
8ª fase (14/01/2015) – PF cumpre 1 mandado de prisão preventiva;
9ª fase (05/02/2015) – PF cumpre 40 mandados de busca e apreensão, 18 de condução coercitiva, 3 mandados de prisão temporária e 01 de prisão preventiva;
10ª fase (16/03/2015) – PF cumpre 2 mandados de prisão preventiva, 4 de prisão temporária e 12 mandados de busca e apreensão. Etapa denominada “Que país é esse”.
11ª fase: (10/04/2015) – PF cumpre 7 mandados de prisão, 9 de condução coercitiva e 16 de busca e apreensão. Etapa denominada “A Origem”.
12ª fase: (15/04/2015) – PF cumpre 2 mandados de prisão preventiva e temporária, um de busca e apreensão e mais um mandado de condução coercitiva.
Fonte Correio do Povo.