A quarta-feira amanheceu chuvosa na cidade de Três Passos, porém nada impediu que as pessoas saissem as ruas de guarda chuva e apitos e com um sistema de som instalado ao lado do Fórum. Seguidamente era reproduzido um áudio onde o menino Bernardo pede socorro. Tudo isso na espera dos acusados de terem assassinado o Bernardo.
Escoltados por agentes penitenciários eles chegaram na cidade e desceram rápido dos veiculos da Susepe. O primeiro a chegar foi Evandro, logo após Leandro, Graciele e Edelvânia.
Gritos de populares chamando de assassinos e pedindo justiça eram as palavras mais ouvidas.
O médico Leandro Boldrini foi o primeiro a ser interrogado, ele falou por mais de 3 horas. Denunciado por homicídio triplamente qualificado pela morte da criança, ele negou envolvimento no crime e garantiu que foi “traído” pela mulher, Graciele.
Boldrini nega envolvimento na morte e acusa madrasta: “Ela me traiu”
Graciele Ugolini foi a segunda pessoa a ser interrogada, de cabeça baixa, a madrasta entrou na sala e sequer respondeu às perguntas iniciais feitas pelo juiz Marcos Luís Agostini.
Perguntada sobre qual seu nome, profissão. Ela respondeu baixinho que não lembrava e pediu um copo de água, somente após isso Kelly conseguiu falar nome, idade e profissão, mas nada além, pois usou o direito em permanecer em silêncio.
A mesma garantia foi usada por Edelvânia, ela afirmou que não tinha condições de estar ali porque estava fazendo tratamento de saúde e disse que só ira falar diante do Júri.
O último a ser interrogado foi Evandro, o qual falou e negou também o envolvimento na morte de Bernardo. Ele é apontado como o autor do buraco cavado à beira de um rio onde o garoto foi enterrado.
Evandro afirmou que estava nas proximidades pescando, como era de costume e que inclusive naquele dia pescou 8 peixes.
Somente por volta das 17h, os depoimentos foram finalizados.
A Rádio Querência e o Portal QuerenciaOnline através dos profissionais Fernando Almeida e André Motta estiveram acompanhando o interrogatório dos réus e trazendo informações e fotos aos ouvintes e internautas.
Do lado de fora do Fórum as tendas foram desarmadas também no final da tarde, por lá as pessoas permaneceram ate a finalização do interrogatório.
Leandro Boldrini disse que;
• A acusação é falsa que ele não tem participação nos fatos.
• Não conhecia Edelvânia, que ouviu falar dela através da Gracieli, que um dia cogitou que ela poderia ser madrinha da filha do casal.
• Que Graciele, colocava alguns obstáculos no relacionamento entre Bernardo e a irmã, até citou um exemplo. “quando o Bernardo vinha de fora e iria pegar a irmã no colo, ela o repreendia mando-o lavar as mãos primeiro” que ela criava uma espécie de “bolha” protetora.
• Sobre os vídeos encontrados em seu smartphone de conflitos entre Bernardo ele e a madrasta, disse que lembra das gravações e que foi ele quem gravou.
• Sobre o dia em que Bernardo foi morto, segundo as investigações, Leandro disse que pela manhã ele acordou foi trabalhar como de costume, ao meio dia todos almoçaram juntos e que Bernardo estava muito feliz. “Eu não sabia que o Bernardo iria junto. Ela não me falou que levaria o Bernardo”. Após o almoço, ele foi pra sua “cesta” e que não viu Graciele sair.
• A compra da TV em Frederico foi idéia de Graciele, que ele estava com “um milhão de coisas para resolver” e foi ela que decidiu fazer a compra lá, por que era mais barato. Também confirmou que recebeu um torpedo (SMS) pelo celular confirmando que havia sido feito uma compra em seu cartão.
• No final da tarde disse que pegou o celular para ligar para Graciele, e quando olhou para fora da clinica a camionete esta estacionada na frente, ele saiu para fora abriu a porta de trás e viu a TV, e que Graciele estava carregando um aquário.
• Sobre a morte de Bernardo disse que ficou sabendo dentro da delegacia, quando já estava preso e algemado. “perguntei a Graciele se ela tinha alguma participação nisso, ela disse que sim. Os Policias tiveram que me segurar para mim não avançar nela”.
• O Bernardo nunca foi proibido de entrar em casa em hipótese alguma, jamais Bernardo foi proibido disso, que ele possuia controle do portão e sabia das senhas para desativar os alarmes de monitoramentos.
• No final disse que é inocente de todas as acusações e pediu justiça pela morte de seu filho. Que os culpados devem pagar pelo que fizeram e que ele vai provar que é inocente.
Amigas permaneceram caladas
Graciele Ugulini manteve se em silencio como o seu defensor já havia adiantado antes do inicio do interrogatório. Diante do juiz Graciele, se mostrou confusa, que não estaria endento o que estava se passando ali. O magistrado perguntou se ela estava passando bem e ofereceu água a acusada. Depois de ouvir a acusação que pesa contra ela, o juiz perguntou se ela havia entendido o que ouviu. Com a cabeça ela fez sinal de sim.
Edelvania Wirganovicz, assim como Graciele, permaneceu calada. E ao contrario do que seu defensor havia dito ela não permaneceu na sala para ouvir o interrogatório do seu irmão Evandro Wirganovicz. Disse ao final que estava sendo obrigada a estar ali e que não estava bem de saúde.
Evandro Wirganoviscz, disse que;
• É a segunda vitima do caso. Negou que tenha sido ele quem fez ou ajudou alguém a fazer a cova.
• Que na quarta-feira dia 02 de abril de 2014, ele estava de férias e teria ido até a casa de sua mãe que fica próximo do local onde Bernardo foi encontrado.
• A tardinha resolveu ir pescar e que deixou o carro onde sempre costumava deixar. Lembrou que naquele dia ele pescou 8 peixes (3 Traíras e 5 Jundiás).
• Disse que não está defendendo ninguém, nem mesmo a sua irmã. “Não posso pagar por uma coisa que não fiz”.
• Edelvânia disse que fez o buraco, ela confessou em seu primeiro depoimento que está gravado em vídeo.
• Não vi as ferramenta na casa de minha mãe.
• Não conhecia Leandro Boldrini e Graciele Ugulini.
• Chorou bastante quando foi questionado pelo seu defensor sobre seus filhos (um casal), disse que vê eles uma vez por mês.
• Encerrou chorando muito dizendo ao juiz de que “Deus vai tocar seu coração e Senhor vai ver que eu sou inocente”
Dep. Jornalismo RQ Texto e fotos : Fernando Almeida e André Motta