Para quem não ficou sabendo, no dia 4 de dezembro foi realizado o Referendo Constitucional Italiano. Que em curtas leituras parecia ser um avanço da democracia, mas que se provou sendo o maior papo furado.
O grande problema que envolve inicialmente o referendo se dá na forma de desconstrução da forma de governo italiano, pois:
- Aumentaria o mínimo necessário de assinatura para se propor uma ação popular para dissolver o parlamento, de 50 mil para 150 mil.
- O que na prática dificulta a participação popular e cria uma barreira para que o povo interfira na política;
- Acaba com eleições diretas para o Senado, que passariam a ter um número reduzido de senadores.
- 95 indicados pelas Regiões, 5 indicados pelo Presidente;
- Com número menor de senadores, fica menos trabalhoso (para o chefe do governo) negociar mudanças em leis;
- Retira a liberdade fiscal da provincias autonomas (Trento e Bolzano) e as transfere para o governo italiano.
- Dá mais poder a Câmara de Deputados, que poderia aprovar leis, sem a necessidade delas irem para a aprovação do Senado:
- No caso, se um projeto de lei fosse aprovado com 51% ela já estava aprovada e iria para sanção do executivo.
Não quero entrar a fundo em todas as mudanças, até porque eram mais, mas essas acima são as que eu considerei de maior impacto, devido aos seguintes fatos:
- O poder do Governo Federal italiano iria ficar mais centralizado em Roma (burocracia++).
- A Itália desde 2010 teve 5 Primeiros Ministros (mas tem gente que acha o segundo impeachment no Brasil em 30 é algo instável).
- As 21 Regiões da Itália são representadas por 315 senadores (nós aqui temos 81, estamos tentando diminuir para 2 por Estado = 54).
- Além dos 100 senadores indicados, todos ex-presidentes virariam senadores, com mandatos vitalícios (assim como no Brasil esses cargos possuem Foro Privilegiado).
- As duas provincias autonomas (Trento e Bolzano), são livres para usar 90% de seus impostos recolhidos no seu território (além do fato de serem regiões ricas, elas administram melhor o dinheiro e deixam o resto da Itália com dor de cotovelo).
Enfim, o povo italiano ficou bem dividido e no início tudo levava a crer que o Sim levaria e as mudanças seriam aprovadas. Mas eis que a figura de Beppe Grillo toma frente do Não e o resultado vira completamente.
O ano de 2016 foi incrível para a mídia, não acertou um resultado: Brexit, Trump e Referendo da Itália. Uma porcaria completa na sua cobertura de todos esses eventos.
Mas afinal que isso tudo tem de importante? Bom, lembra do Beppe Grillo? Ele é o líder atual do M5S e que agora encabeça a lista para as próximas eleições presidenciais.
Só que Grillo tem algumas suas posições bem claras quanto ao futuro da Itália longe da União Europeia. E isso é uma coisa que assusta muita gente, principalmente quando os maiores bancos italianos estão quebrados!
Isso mesmo, quebrados! Eles não tem dinheiro para pagar todos os correntista. E se houver uma grande corrida da população italiana aos bancos para sacar suas reservas, eles irão quebrar. E com isso vai desencadear a quebra de outros bancos europeus, pois eles emprestaram dinheiro para estes bancos italianos. É o início da próxima grande crise internacional!
Um desse bancos é o Deutsche Bank (maior banco alemão), que por sinal, já lançou uma nota nesse ano que pode ser que ele não consiga pagar algumas aplicações.
A situação é complexa até para economistas renomados. Já li várias teorias de como isso pode começar e que países serão mais afetados. Alguns vão dizer que é culpa desses banqueiros e blá blá, mas o problema realmente está nos Bancos Centrais. São eles que deram carta branca pra essa corja emprestar mais dinheiro do que realmente tem. E são eles que se beneficiam emitindo Dívidas do Tesouro, compradas por fundos de investimentos desses mesmos bancos.
Em outras palavras, uma máfia. A Itália caso fique na União Europeia pode fazer uso de uma lei que regulamenta a falência de um banco. Nesse caso, o banco italiano pode usar o dinheiro dos correntistas como sendo capital dele, e com isso abater os buracos nas suas contas. Em resumo, ele pode roubar a poupança das famílias italianas que depositaram seu dinheiro suado e foda-se. Artifício que foi usado por dois bancos do Chipre ano passado (mas óbvio que a mídia não noticiou).
Por outro lado, se a Itália sair da União Europeia os bancos não podem mais fazer uso dessa lei e irão quebrar rapidamente. Do mesmo modo os correntistas serão prejudicados, mas não se da pra saber ao certo é o que governo italiano faria para levantar isso. O mais provável é que um governo populista de Grillo aumente impostos e de dinheiro para os bancos se sustentarem.
Nas duas opções os italianos vão se dar mal. Mas e o Brasil? Como fica nisso? Bom, não precisa ser um gênio pra saber que vai dar merda com essa nossa economia Estatal.
É o velho ditado: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Hora de começar a investir em Bitcoin e fugir do alcance do governo.
Daniel Henrique Joppi