Haddad defende cuidado com ideia de fim do parcelamento sem juros para não gerar ‘outro problema’
Ministro defendeu modalidade, que representa mais de 70% das compras no comércio; presidente do BC sugeriu frear modelo
“Tenho o compromisso dos bancos públicos e privados de que essa negociação [de solução para o rotativo] tem prazo para terminar [90 dias]. Isso tem de ter prazo para terminar. O rotativo é um problema”, reforçou Haddad.
Entenda
Durante sabatina no Senado na semana passada, Campos Neto afirmou que está sendo estudada a possibilidade da criação de uma tarifa para desestimular o parcelamento sem juros de longo prazo no cartão de crédito.“Não é proibir o parcelamento sem juros, é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado”, comentou. Atualmente, as compras com cartão de crédito respondem por 40% do consumo brasileiro.Também no Senado, o presidente do Banco Central afirmou que os juros rotativos do cartão de crédito são “um grande problema” e ressaltou que a ideia é que o crédito seja direcionado diretamente para um parcelamento da dívida com taxa de juros menor, em torno de 9% ao mês.“A solução está se encaminhando para que não tenha mais rotativo, que o crédito vá direto para o parcelamento. Que seja uma taxa ao redor de 9% [ao mês]. Você extingue o rotativo. Quem não paga o cartão vai direto para o parcelamento ao redor de 9% [ao mês]”, declarou.Críticas
A ideia de Campos Neto de frear o parcelamento de compras sem juros por meio de uma taxa pode atrapalhar a retomada econômica do Brasil, como alerta o economista Gelton Pinto Coelho.Para o especialista, o aumento de custos sobre o parcelamento pode levar as famílias a consumir menos. “Neste momento de retomada da economia, precisamos de mais circulação de moeda, de mais empregos e renda”, avalia.A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou nesta segunda que o parcelamento de compras sem juros no cartão de crédito deve ser mantido. Em nota, a entidade disse que não defende a ideia de acabar com a modalidade, mas, sim, a necessidade de um reequilíbrio do custo e do risco de crédito.