O atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal deve ser confirmado na função
A saída de Waldery do cargo vem depois de uma série de embates em torno da sanção do Orçamento de 2021, que sofreu um veto de R$ 19,8 bilhões em despesas e um bloqueio adicional de R$ 9,3 bilhões. A área comandada por ele foi uma das mais ferrenhas defensoras do ajuste no Orçamento por conta da maquiagem em despesas obrigatórias, como os benefícios previdenciários, uma visão contrária à do Congresso, de que a peça poderia ser sancionada integralmente.
Desde aquela época, o secretário silenciou e evitou polêmicas. Na coletiva sobre o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2022, ele evitou falar sobre o impasse até então sem solução em torno do Orçamento de 2021 – as perguntas sobre o tema foram censuradas pelo Ministério da Economia.
A troca no Tesouro e na Fazenda não é a única dentro do Ministério da Economia. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira, a assessora especial para reforma tributária, Vanessa Canado, vai deixar a equipe de Guedes. A saída deve ocorrer antes da votação do relatório de reforma tributária na Câmara dos Deputados.
Outras baixas na equipe de Guedes
No início do ano, o presidente Jair Bolsonaro pediu a cabeça do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, por discordar do plano de enxugamento de agências e corte de pessoal do banco. Também foi demitido o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, por divergências com o presidente sobre a política de preços dos combustíveis e o tratamento aos caminhoneiros, base de apoio do governo.
Além de Castello Branco, Bolsonaro já mandou demitir dois auxiliares de Guedes que bateram de frente com ele. No primeiro ano de mandato, o presidente decidiu demitir o então secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, porque considerou que a discussão sobre a criação de um imposto nos moldes da CPMF se tornou “pública demais”. Embora tivesse apoio da equipe econômica, o assunto gerou polêmica e não agradou os seus apoiadores.
Bolsonaro também influenciou na mudança de comando de outro banco público ainda em 2019. Ele disse que o então presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, estava com “a cabeça a prêmio” durante conversa com jornalistas. No dia seguinte, Levy pediu demissão do cargo.
No ano passado, o próprio Guedes reconheceu, em agosto, uma “debandada” em sua equipe. No caso do secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, o motivo foi a lentidão das privatizações, estagnadas na pandemia, mas travadas desde antes por pressões políticas.
Já o secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, preferiu deixar o cargo a permanecer “engavetado” no ministério junto com a proposta de reforma administrativa, que acabou saindo pouco depois.
Guedes também perdeu dois auxiliares que foram “promovidos” justamente por avançarem em suas agendas. O ex-secretário especial de Comércio Exterior, Marcos Troyjo, foi indicado em junho para a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento – o “Banco dos Brics”, com sede em Xangai, após o sucesso na conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia no ano passado.
Já o ex-secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, colheu os louros da aprovação da reforma da Previdência – o maior feito do atual governo na economia até agora – e foi alçado ao posto de ministro do Desenvolvimento Regional. Agora aliado à ala militar do Planalto, ele tem sido o maior “rival” de Guedes no embate sobre a abertura da torneira de gastos do governo no pós-crise.
Correio do Povo