Gonçalves Dias disse a Lula que câmera de circuito interno de TV havia estragado
Ministro pediu demissão e deixa o Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
O general Gonçalves Dias disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a câmera do circuito interno posicionada para o corredor de acesso ao gabinete presidencial, no Palácio do Planalto, havia estragado e que, por isso, não havia imagens daquele local durante a depredação do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro.
Dias, à época ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), deu a explicação ao ser questionado por Lula no mesmo dia dos atos golpistas, publicou hoje o jornal O Estado de S.Paulo.
O presidente pediu as imagens daquela câmera específica, mas não conseguiu, segundo relato de ministros do Planalto ao Estadão. Dias depois, o chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Santana Ribeiro, conhecido como Marcola, também solicitou o vídeo e obteve a mesma resposta.
O governo se surpreendeu com a divulgação das imagens, nesta quarta-feira, pela CNN Brasil. A portas fechadas, Lula avaliou que Dias havia sido enganado pela própria equipe, que era composta, em maioria, por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Não há no Planalto desconfiança em relação à lealdade do general, que atuou como chefe da segurança de Lula nos dois primeiros mandatos, de 2003 a 2010. Mesmo assim, a avaliação é a de que Dias, mesmo após a troca dos subordinados, não demonstrava ter controle da equipe.
Como mostrou o Estadão, as funções do GSI sob Dias foram pouco a pouco esvaziadas, tanto que até mesmo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) saiu da alçada do Gabinete e passou para a Casa Civil, comandada por Rui Costa.
Para o governo, o aparecimento das imagens deu combustível para a CPMI dos Atos Golpistas, pedida pela oposição.
Diante desse cenário, o governo se obrigou a mudar de estratégia e apoiar a abertura da comissão, ficando agora nas mãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para fazer maioria no colegiado.