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quinta-feira 21 novembro 2024
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General que pediu “despertar de luta patriótica” é afastado do CMS

Após crítica e proposta de homenagem a Ustra, comandante do CMS será transferido

General foi exonerado de cargo após críticas ao governo | Foto: Tarsila Pereira / CP Memória

                 Foto: Tarsila Pereira / CP Memória
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, decidiu transferir o general Antonio Hamilton Martins Mourão do Comando Militar do Sul para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em Brasília. O general Mourão, assim, perde o comando de uma tropa e passa a exercer um cargo mais burocrático.


A decisão de afastá-lo do comando foi tomada em virtude das declarações dadas a oficiais da reserva na qual fez duras críticas à classe política, ao governo e convocou os presentes para “o despertar de uma luta patriótica”. Em palestra, há pouco mais de um mês, o comandante do CMS fez também críticas indiretas à presidente Dilma Rousseff e ao comentar a possibilidade de impeachment de Dilma, disse que “a mera substituição da PR (presidente da República) não trará mudança significativa no status quo” e que “a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção”.


O general Mourão afirmou ainda que “a maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões”. A gota d’água para o afastamento do general Mourão veio no início da semana, quando o Comando Militar do Sul fez uma homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto no dia 15 deste mês, acusado de torturar presos durante o
regime militar.


Convites para homenagem a Ustra chegaram a ser expedidos

O Comandante da 3ª Divisão de Exército, general José Carlos Cardoso, subordinado a Mourão chegou a expedir convites para a cerimônia realizada em Santa Maria (RS), cidade natal de Ustra. A presidente Dilma Rousseff foi presa e torturada nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2º Exército em São Paulo, unidade chefiada pelo então major Ustra.

O requerimento do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) ao ministro da Defesa questionando se o general Mourão estaria incitando os militares, aprovado ontem na Comissão de Relações Exteriores do Senado, fez com que o processo fosse ainda mais rapidamente deflagrado e o desfecho do caso, com o afastamento do general Mourão tivesse sido imediata.

Rapidez

A rapidez da solução do problema agradou o Planalto. O ministro da Defesa, Aldo Rebelo (PCdoB), já havia conversado com Dilma sobre as declarações do general, há pelo menos dez dias. Na ocasião, Aldo relatou as conversas que vinha mantendo com o comandante do Exército sobre o caso de Mourão e de outras declarações de militares que surgiram pelo País.

A ideia era transferir o general Mourão de cargo, mostrando que ele perdeu o posto, para dar uma demonstração de este tipo de postura não é aceitável por parte de um general de Exército da ativa, falando para seus comandados. A proposta obteve a plena concordância da presidente.

Nesta quinta-feira após reunião do Alto Comando do Exército, a transferência do general Mourão foi efetivada, e para o seu lugar foi designado o general Édson Leal Pujol, que já foi comandante das tropas no Haiti e atualmente estava na Secretaria de Economia e Finanças do Exército, para onde vai Mourão. Na reunião do Alto Comando, o assunto foi tratado e houve recomendação do general Villas Bôas para que este tipo de comportamento seja evitado por todos
Correio do Povo



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