Beto Rivera atua na bancada comunista na Assembleia Legislativa do RS
Quarta-feira, 9 de dezembro. 16h25. Horário de expediente na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Neste momento, um funcionário do PCdoB no Palácio Farroupilha, Beto Rivera, registrava uma mensagem no blog Martin Behrend: “Hi Hitler”. Um servidor pago com dinheiro dos tributos dos gaúchos, “trabalhando” na casa do povo gaúcho, destina seu tempo para fazer uma saudação a um dos maiores inimigos da história da humanidade, responsável pela morte de milhões de inocentes. “Hi Hitler” – uma saudação feita dentro da Assembleia Legislativa em horário de expediente.
Entrei em contato com o funcionário do PCdoB na Assembleia Legislativa. Confira a seguir o diálogo por telefone, na tarde de ontem:
– Oi, quem fala?
– É o Beto.
– Oi Beto. Aqui quem fala é o jornalista Martin Behrend, de Novo Hamburgo. Boa tarde.
– Boa tarde.
– Ontem, no meu blog, tu fez um comentário sobre Hitler numa reportagem. Eu estou entrando em contato, pois não entendi bem o contexto de ter citado um ditador.
– Tá, e aí?
– É que eu não entendi. Tem alguma explicação para a citação de Hitler. É uma defesa ao ditador?
– Não. É que eu achei que a matéria merecia esse tipo de comentário.
– Tu sabes quem foi Hitler?
– Evidente que sei, né!
– Tu sabes as atrocidades que ele cometeu? É que eu não entendi o comentário: tu achas que eu sou parecido com Hitler?
– Quem publica o que pensa na internet recebe comentário do que as pessoas pensam também. O que vale pra Chico vale pra Francisco.
– Certo. E um funcionário público do Estado fazer defesa de Adolf Hitler…
– Eu não fiz defesa nenhuma. Isso aí é tu que está dizendo.
– Então, aquilo ali tu digitaste sem querer e apareceu o nome de Hitler…
– Não foi sem querer. E não me leva a mal, mas não vou mais te dar explicação.
E Beto Rivera desligou o telefone.
O comentário do comunista – com diferentes atuações dentro do partido – foi publicado em reportagem onde aponto uma série de problemas com o DCE da Feevale, a UENH e o vereador hamburguense Roger Corrêa (PCdoB). Tem dinheiro público envolvido na parada. Na matéria, publico uma série de inconsistências no trabalho das duas entidades conduzidas por integrantes do PCdoB e da UJS. Rivera acusou o golpe de uma denúncia fundamentada e, numa tentativa de intimidação, tentou me comparar com Adolf Hitler. É a conclusão que chego. A reportagem está aqui: http://www.martinbehrend.com.br/home/noticia.php?id=1134 .
Pois vou fugir da minha linha de trabalho e contar algo que poucos sabem: sou fruto de uma mistura de sangue luterano (Behrend, lado paterno) e judeu (Herz, lado materno). Meus bisavôs e avôs do lado materno saíram corridos da Alemanha antes de serem capturados por Hitler – ou seriam massacrados. Aliás, como foram trucidados familiares e amigos que não tiveram a mesma sorte. Um dos meus avôs era favorito para vencer a prova dos 100 metros rasos nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936 – aquela vencida pelo negro norte-americano Jesse Owens. Mas, numa madrugada, ele foi avisado que poderia ser preso, fez uma mala e embarcou no primeiro navio para o Brasil. Deixou de disputar uma medalha olímpica por causa do nazismo.
Hitler foi um monstro. Um verme. Um bandido. Um personagem que não deve ser esquecido, para que o banho de sangue que ele proporcionou não se repita. Lamento que pessoas, ainda hoje, usem o nome de Hitler para ataques à liberdade de imprensa. Para você, Beto Rivera, que numa simples saudação a esse desprezível ditador remexeu na história sofrida e de massacres envolvendo meus antepassados, familiares e amigos, meu repúdio. Mas não ache que eu vá esmorecer. Meu trabalho jornalístico, entre tantas facetas, também seguirá em frente para combater e denunciar monstros e vermes de ontem, hoje e amanhã.
PS: Qual a providência que a Assembleia Legislativa adotará com um funcionário que, na hora do expediente, usa seu tempo para fazer saudação a Hitler? Essa pauta não acaba aqui.
Martin Behrend
Jornalista. Colunista. Radialista. Comentarista.
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