Isolado politicamente, o presidente decidiu se reaproximar do Congresso e tem se reunido com líderes de bancada e presidentes de partidos do Centrão
“Eu já falei que eu troco qualquer um. Não é uma política minha, mas, se eu quiser, vou trocar qualquer um”, afirmou Bolsonaro, ao chegar à noite ao Palácio da Alvorada, residência oficial.
Bolsonaro não negou que aceitará indicações de partidos, mas argumentou não ter como controlar os inúmeros cargos de segundo e terceiro escalões que podem vir a ser ocupados por apadrinhados de parlamentares.
“Não é partido. Todo mundo que está em Brasília tem um passado político, foi filiado, ou doou (dinheiro para partido ou campanha), foi simpático, já trabalhou para um governo”, disse Bolsonaro. “Eu não tenho condições de saber quem está entrando e quem está saindo”.
O presidente negou, porém, que planeje promover uma reforma ministerial para acomodar algum novo aliado político, ou ainda recriar algum dos ministérios que extinguiu no início do governo. “Não está previsto. Só se algum ministro vier a sair”, disse.
Apesar de afirmar que não planeja uma reforma no primeiro escalão, Bolsonaro não deus garantias de que manterá um ministério formado majoritariamente por políticos sem mandato eletivo. “Não sei, pô”, respondeu quando questionado, depois de enumerar os três deputados licenciados no governo – Tereza Cristina (Agricultura), Onyx Lorenzoni (Cidadania) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo).
Apesar da “despetização” anunciada pelo Planalto no início do mandato, Bolsonaro diz que até hoje há servidores filiados ao PT em cargos de confiança. Ele negou perseguição por parte do comando político do Executivo.
“Eu não fico perseguindo ninguém por ser de tal partido. Agora, se for um militante ativo, que não preserva os valores que eu defendo, aí é outra história”, disse o presidente.
Bolsonaro se reuniu nesta quarta-feira com o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP) , e quinta-feira conversará com o prefeito de Salvador, ACM Neto que comanda o DEM.
Após o presidente do PTB, Roberto Jefferson, defendê-lo no confronto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), surgiram especulações de que ele será contemplado com a recriação do Ministério do Trabalho. “Quem inventou isso aí?”, perguntou Bolsonaro. “Tem uns dois anos que eu não converso com Roberto Jefferson”.
Correio do Povo