Barros Cassal, Nonoai e Fontoura Xavier foram as cidades que mais recuperaram a floresta em 30 anos
A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgaram nesta terça-feira uma avaliação detalhada sobre a regeneração da Mata Atlântica no estado do Rio Grande do Sul. O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, que monitora a distribuição espacial do bioma, identificou a regeneração de 10.706 hectares (ha), ou o equivalente a 107,06 km2, entre 1985 e 2015. A área é maior que a da cidade de Porto Mauá.
Segundo os dados do Atlas, Barros Cassal foi o município que apresentou mais áreas regeneradas no período avaliado, num total de 476 ha, seguido da cidade de Nonoai (472 ha), Fontoura Xavier (266 ha), Vacaria (247 ha) e Soledade (244 ha).
O estudo analisa principalmente a regeneração sobre formações florestais que se apresentam em estágio inicial de vegetação nativa, ou áreas utilizadas anteriormente para pastagem e que hoje estão em estágio avançado de regeneração. Tal processo se deve tanto a causas naturais, quanto induzidas por meio do plantio de mudas de árvores nativas.
A Mata Atlântica cobria originalmente 52% da área do Rio Grande do Sul, ou seja, um pouco mais de 13,85 milhões de hectares. Hoje, restam apenas 1.093.843 milhão de hectares do bioma – 7,9% desse total. De acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais, nos últimos 30 anos foram desmatados 115.203 mil hectares de Mata Atlântica no estado. Dos 497 municípios gaúchos, 461 têm ocorrência da Mata Atlântica.
O Rio Grande do Sul tem duas cidades na lista dos 100 municípios que mais desmataram entre 1985 e 2015, de acordo com o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica. A área total desmatada é de 10.811 mil hectares, ou cerca de 108,11 quilômetros quadrados, o que corresponde praticamente o tamanho do município de Muçum (11.089 ha).
Bons ventos na Mata Atlântica
Nos últimos 30 anos, houve uma redução de 83% do desmatamento do bioma. De acordo com Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, sete dos 17 estados da Mata Atlântica já apresentam nível de desmatamento zero. O Rio Grande do Sul é um estado que está muito próximo, com menos de 200 hectares de desmatamento desde 2011. “Agora, o desafio é preservar o que resta e recuperar e restaurar as florestas nativas que perdemos. Embora o levantamento atual não assinale as causas da regeneração, ou seja, se ocorreu de forma natural ou se decorre de iniciativas de restauração florestal, é um bom indicativo de que estamos no caminho certo”, afirma Marcia.