Três hipóteses principais estão sendo investigadas para a queda do Airbus A320 da Germanwings, no sudoeste da França. Pane técnica, erro de pilotagem e ato terrorista são os focos dos investigadores, mas eles não descartam qualquer tipo de cenário na tragédia que custou a vida de 150 pessoas.
Sem pedido de socorro
“O piloto não emitiu um pedido de socorro, o famoso ‘mayday’. É o controle aéreo que decide declarar uma situação de emergência, caso haja a perda de contato com a tripulação e o avião”, informou a Direção Geral da Aviação Civil francesa. “Foi a conjunção da perda de contato por rádio com a direção descendente que levou o controle aéreo a declarar a emergência, às 10h30min.
Apesar da falta de aviso, esse aspecto ainda está dentro da normalidade para a situação. “Não é surpresa. É a última coisa que se faz em um procedimento de emergência. A prioridade é controlar a trajetória do avião”, explicou o comandante de uma grande companhia aérea.
As principais hipóteses
“Neste momento, nenhuma hipótese pode ser descartada”, afirmou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Apenas a recuperação das caixas-pretas e um trabalho minucioso de análise dos destroços e dos corpos permitirão determinar o cenário do acidente. “Pode ter sido um problema técnico, um problema não técnico, ou uma reação inadequada da tripulação diante de uma situação difícil, como no voo AF447” da AirFrance entre Rio e Paris, que caiu no Atlântico, resumiu um especialista em Aeronáutica.
Rara possibilidade de atentado
“Uma cena apocalíptica”, declarou o deputado Christophe Castaner, que sobrevoou o local do acidente de helicóptero ao lado do ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. Se os destroços estão concentrados em uma zona limitada, fica altamente improvável que o incidente tenha sido provocado por um atentado com explosivos.
“Quando um avião explode em pleno voo, os destroços são espalhados por um raio de vários quilômetros, como ocorreu com o avião da Malaysia (Airlines) na Ucrânia”, acrescentou um especialista. Não se descarta um desvio de rota do avião que teria levado ao acidente. “Neste momento, consideramos que se trata de um acidente, e qualquer outra coisa não passa de especulação”, afirmou Heike Birlenbach, vice-presidente da Lufthansa, matriz da Germanwings.
O que diz a trajetória do avião
“Um avião que desce diante de um relevo não reflete um comportamento normal de um piloto profissional. Isto traduz, provavelmente, uma incapacidade dos pilotos de controlar a trajetória”, comentou um comandante que já sobrevoou dezenas de vezes a zona do acidente. Ele acrescentou que o avião não caiu em picado, descendo 3 mil pés por minuto, segundo as primeiras informações. “Isto não parece, portanto, uma descida de emergência”, completou.
“Os pilotos podem ter enfrentado um incêndio com emanação de fumaça tóxica na cabine, o que os levaria a assistir impotentes à descida do aparelho”, disse sobre a presença de baterias de lítio muito inflamáveis.
A idade do avião
Não é a idade do avião que determina seu grau de confiabilidade e de segurança. Alguns aparelhos da Segunda Guerra Mundial são tão confiáveis quanto aviões de última geração. Tudo depende da manutenção. Os aviões de companhias sérias são revisados regularmente e inspecionados pelos pilotos antes de cada voo, além de cumprir um calendário preciso de manutenção determinado pelos fabricantes.
O Airbus da Germanwings, entregue em 1991 à Lufthansa, passou por uma minuciosa revisão no verão de 2013, anunciou um diretor da companhia, Thomas Winkelmann. “Mas não se pode excluir um fenômeno estrutural: um colapso de parte da estrutura devido à ausência de uma manutenção adequada, ou um problema em uma peça em particular que surgiu após dezenas de milhares de horas de voo.”
Fonte Correio do Povo.