PMs devem ficar aquartelados, sem realizar o patrulhamento durante o dia
Protesto afetou chegada do policiamento no Beira-Rio | Foto: Fabiano do Amaral
As entidades representativas dos servidores da segurança pública prometem realizar uma operação padrão nesta segunda em protesto contra oparcelamento de salários anunciado pelo governo do Estado. A expectativa é de que os PMs fiquem aquartelados, sem realizar o patrulhamento durante todo o dia. A mesma coisa deve ocorrer com os policiais civis. Apenas casos considerados graves, como homicídios, estupros, incêndios e salvamentos. Temendo o resultado pela ausência de policiais nas ruas, as entidades pedem para que a população não saia de casa.
A Associação dos Oficiais da Brigada Militar (ASOFBM) deve reunir, a partir das 14h, oficiais da Reserva da BM, ex-comandantes-gerais da Corporação e ex-presidentes da associação para que juntos façam uma avaliação do cenário e definam ações a serem submetidas em uma Assembleia Geral conjunta com Delegados, marcada para essa quarta-feira, às 19h no Clube Farrapos. Mais tarde, por volta das 16h, na sede da ASOFBM, outra reunião deve ser realizada com a Associação dos Delegados (ASDEP) para ajustar os últimos detalhes da Assembleia Geral extraordinária.
Em algumas regiões do Rio Grande do Sul as alterações no serviço prestado pelos entes da segurança pública começaram no sábado. Em Pelotas, na zona Sul, sete viaturas não saíram para serviço. As mobilizações repetiram-se em outros municípios.
Um protesto de policiais militares do 2º Regimento de Polícia Montada (RPMon), de Santana do Livramento, quase terminou em prisão na noite de sábado. Eles entraram em serviço às 19h e se negaram a assumir as viaturas, já que 15 veículos — entre motos e carros — estão com a documentação vencida. Foi necessária a intervenção da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar e Bombeiros Militares do Rio Grande do Sul (ASSTBM) e da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (ABAMF), que representa cabos e soldados.
Apenas seis policiais militares foram as ruas. Todos a pé. No domingo, a situação permaneceu igual, sem viaturas. O policiamento foi feito a pé ou a cavalo. As mesmas justificativas foram utilizadas ontem pelo 3º Batalhão da Polícia Militar, de Novo Hamburgo. Nenhuma viatura saiu do pátio.
Em Porto Alegre, o problema se repetiu no 20º BPM, responsável pela área do Sarandi. “Todas as viaturas estão com problemas de documentação, mecânico ou elétrico”, relatou o fiscal de serviço externo do 20º BPM, sargento José Philipp Guerreiro da Silva. Nenhum PM desse batalhão realizou o patrulhamento. Os policiais foram para rua apenas na tarde de domingo.
A mesma situação ocorreu no Batalhão de Operações Especiais (BOE). Já no 19º BPM apenas uma viatura estava com a documentação e a mecânica em dia. “Sempre houve problemas com as viaturas, mas os policiais davam um jeito de arrumar devido ao compromisso com a função. Mas como não há reciprocidade da parte do governo, vamos apenas cumprir a lei”, argumentou o sub-comandante do 19º BPM, major Arnaldo Hoffmann. Problemas com a documentação das viaturas também impediram a saída dos pátios de batalhões em Porto Alegre.
O chefe da comunicação da Brigada Militar, major Ronie Coimbra, admitiu que o problema. A corporação está fazendo um levantamento junto aos batalhões para verificar quais unidades apresentam viaturas com IPVA vencido ou que não possuem a documentação no interior do veículo. Os policiais que fizeram a segurança no estádio Beira-Rio foram a pé para o local.
Em Santa Maria, entretanto, segundo o comandante do Comando Regional de Polícia Ostensivo (CRPO-Central), coronel Vorney Mendonça, o trabalho da BM será normal nesta segunda-feira. Ele destacou que “a BM vai cumprir o dever constitucional” e que seguirá com seu planejamento operacional inalterado nos 29 municípios abrangidos pelo CRPO/Central. Já em Rio Grande, servidores que tiveram seus salários parcelados realizaram um protesto na madrugada de sábado na BR 392. Eles enforcaram um boneco fardado de BM. Junto havia uma faixa criticando o governador José Ivo Sartori, com os dizeres “Sartori: Sem efetivo e sem salário eu não trabalho”.
Fonte Correio do Povo
Marco Aurelio Ruas,Jezica Bruno