Mais de 90 pessoas estavam felizes em voltar à pátria
Cerca de 100 emigrantes venezuelanos optaram por voltar a seu país diante das dificuldades que enfrentavam no Peru | Foto: Teo Bizca / AFP / CP
Um avião enviado por determinação do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, partiu nesta segunda-feira de Lima com cerca de 100 emigrantes venezuelanos que optaram por voltar a seu país diante das dificuldades que enfrentavam no Peru. No sentido inverso da avalanche de venezuelanos que cruzaram a fronteira peruana nas últimas semanas, estes 97 emigrantes arrependidos, entre eles 22 crianças, estavam felizes em pegar o avião de regresso à pátria, apesar da severa crise política e econômica que atinge a Venezuela.
Katiuska Anselmo justificou a decisão porque não tem com quem deixar os filhos, enquanto Yusmari Arrais não encontra trabalho porque está grávida. Ao menos 500 mil venezuelanos chegaram ao Peru nos últimos meses, e no sábado passado Lima passou a exigir a apresentação de passaporte para que entrem no país, exceto para os que pedem refúgio ao chegar à fronteira. O pedido de refúgio permite aos venezuelanos permanecer legalmente no Peru e conseguir emprego, enquanto buscam uma solução definitiva para sua situação.
“Não há a menor sombra de dúvida de que este voo (…) faz parte de um plano político dirigido pelo próprio Nicolás Maduro, que busca desacreditar a diáspora venezuelana no Peru”, disse à AFP Oscar Pérez, que lidera uma associação de imigrantes venezuelanos em Lima. Na sexta-feira, o ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, garantiu que seus compatriotas regressariam ao país após as recentes reformas econômicas adotadas por Maduro para lutar contra a hiperinflação, que este ano deve superar 1.000.000%, segundo o Fundo Monetário Internacional.
Ao menos 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior (7,5% da população), incluindo mais de 1,6 milhão que saíram do país a partir de 2015, diante do recrudescimento da crise. Deste total, 90% se dirigiram a países da América Latina, segundo a agência da ONU para os refugiados (ACNUR) e a Organização para as Migrações(OIM).
Correio do Povo