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terça-feira 3 dezembro 2024
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Elton John transforma Anfiteatro Beira-Rio em pista de dança

Noite de nostalgia começou com apresentação de James Taylor e seus sucessos

Noite de nostalgia começou com apresentação de James Taylor e seus sucessos | Foto: Ricardo Giusti

Noite de nostalgia começou com apresentação de James Taylor e seus sucessos | Foto: Ricardo Giusti

Quando os primeiros acordes de “The Bitch is Back” soaram no Anfiteatro Beira-Rio, às 21h53min desta terça-feira, ficou ainda mais claro o que viria pela frente: um desfile de hits que marcaram gerações e são guardados com carinho, dignos de serem cantados a plenos pulmões e muitas vezes com os olhos marejados. Como esperado, Elton John priorizou canções mais antigas, conquistando os 24 mil fãs, conforme a organização do evento, que acompanharam a passagem da miniturnê com James Taylor por Porto Alegre.

Sentado no seu piano, vestindo uma camisa vermelha e um paletó azul brilhante, o astro britânico que completou 70 anos no fim de março, não perdeu tempo e logo emendou as contagiantes “Bennie and the Jets” e “I Guess That’s Why They Call It the Blues”. Então “Daniel” acalmou o ritmo intenso do início, mantendo o mesmo clima em “Someone Saved My Life Tonight”. Mas instantes depois o público voltou a se embalar com “Philadelphia Freedom”, enquanto o telão predominantemente azul ganhou também o vermelho e o branco da bandeira dos Estados Unidos. E eis a marca do show: Sir Elton John consegue misturar a nostalgia que acompanha alguma de suas músicas com a alegria de muitos (muitos mesmo) momentos dançantes. É como se voltássemos no tempo e fôssemos transportados diretamente para dentro de uma discoteca.

O músico obviamente também fez um belo solo no piano (um de vários, é verdade), brincando e deslizando os dedos pelas teclas enquanto atraía o olhar atento da plateia antes de “Rocket Man”, que pousou na beira do Guaíba sorrateiramente. E aí temos outro ponto interessante: tanto o cantor quanto a banda que o acompanha parecem se divertir de verdade ampliando as partes instrumentais das músicas, algo que encanta.

Lançada em 1971, “Tiny Dancer” abriu uma sequência de baladas imortalizadas na década de 70, com “Levon” – que acabou em uma verdadeira jam session – e “Goodbye Yellow Brick Road” sendo tocadas logo após com muito vigor. Depois, um dos momentos mais esperado do show e, provavelmente, da noite: a mais que consagrada “Your Song” tocou nos corações e levou um incontável número dentre os presentes às lágrimas enquanto bradavam os versos “I hope you don’t mind, i hope you don’t mind / that I put down in words / how wonderful life is while you’re in the world”. Coube à “Burn Down the Mission” e posteriormente “Sad Songs” reestabelecerem o ritmo animado – com a última transformando a pista vip na pista de dança de Elton John.

“Skyline Pigeon” trouxe uma chuva de celulares filmando e a apresentação dos músicos que acompanham o artista. Logo depois, George Michael surgiu no telão para “Don’t Let The Sun Go Down on Me”, sucesso gravado em 1992 como dueto entre os dois britânicos. Ao final da performance, o Sir levantou as mãos como se homenageasse o amigo, morto em dezembro do ano passado.

“Looking Up” animou os fãs representando o mais recente disco de Elton John,  “Wonderful Crazy Night” (2016). Voltando no tempo, o trio “I’m Still Standing”, “Your Sister Can’t Twist” e “Saturday Night’s Alright for Fighting” levou o show para a reta final com entusiasmo na plateia e no palco. O artista, vale destacar, se doou do início ao fim, expôs toda sua entrega à música e muito de sua energia, tanto que levantou praticamente em todo fim de canção para pedir mais gritos e palmas.

Com intervalo de um minuto, ou nem isso, ele saiu e voltou sozinho para executar a emocionante “Candle in the Wind”, escrita originalmente como um tributo a Marilyn Monroe e que ganhou nova versão em 1997 para homenagear a Princesa Diana, amiga pessoal do cantor.  A escolhida para fechar essa ode à música foi “Crocodile Rock”, com todos fazendo os últimos movimentos que o corpo permitia, depois de pouco mais de duas horas, regidos pelo imbatível Elton John.

James Taylor aquece noite falando em português

Mas o evento era de duas grandes estrelas da história da música e James Taylor foi o responsável por aquecer a noite com “Wandering” – depois da abertura de Rafael Malenotti, vocalista da Acústicos e Valvulados. Logo ao final da primeira canção, o norte-americano seguiu a linha das últimas apresentações e falou (em bom português com ajuda de uma “cola” num caderninho) que estava muito feliz de estar no Brasil e que não iria tocar violão porque quebrou o dedo médio da mão esquerda – informação que foi recebida com um “ohhh” da plateia. Mas isso definitivamente não foi nenhum problema.

Aos 69 anos, James de cara emendou “Everyday” (de Buddy Holly) e “Walking Man”, abrindo caminho para apresentar alguns dos integrantes da All-Star Band. O desfile de clássicos que marcam seus 50 anos carreira continuou com “Today Today Today”, em que ele aproveitou para pegar sua gaita de boca, “Country Road” e “Don’t let me be lonely tonight“.

Em seguida, ele puxou “Only a dream in Rio”, composta após sua apresentação no Rock in Rio de 1985. “Carolina in my mind” chegou destacando também a harmonia do palco – aparentemente simples, explorou bem as cores de acordo com o ritmo das músicas de James: as mais lentas ganhavam um clima todo especial com tons suaves e nas mais agitadas vibrava o vermelho.

Com algumas variações em comparação aos outros shows desta miniturnê, os destaques vieram a partir do meio do repertório, com “Handy man”, “Shower the People”, o grande clássico “Fire and Rain” e “México”, cujo ritmo mais acelerado em relação às demais músicas empolgou o público. E, claro, teve também “You’re Got a Friend”, da amiga e parceira Carole King, que ganhou vida na voz suave e melancólica de Taylor. Esta última, por sinal, representou o primeiro momento de muitos celulares em punho para registrar tudo e muita emoção no coro do refrão.

E apesar de manter um banquinho por perto, James não poupou energia e levantou diversas vezes: arriscou alguns dancinhas com os braços e ombros, pulou, acompanhou na gaita de boca um solo de guitarra e driblou a falta de seu violão. Depois de aproximadamente 1h30min, o show acabou coym “Shed a little light”, uma homenagem a Martin Luther King, e um “obrigado, boa noite”.

Correio do Povo




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