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quinta-feira 21 novembro 2024
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E que venham as eleições – Flavio Siqueira

Se tem algo enrgraçado nas campanhas políticas municipais, são as campanhas para vereador.

Na TV, tentando fazer o eleitor entender sua mensagem em poucos segundos, apelam para, desde frases de efeitos a gritos de guerra ou fantasias de carnaval.

Tem também aqueles que, tentando atingir determinado público e, acreditando que esse determinado público é burro, se limitam a dizer : ” Gremista vota em gremista, José da Silva” ou ” irmão Isaías, sou evangélico”.

Mas, na minha opinião, o pior está nas campanhas de rua.

Como aqui em Porto Alegre não temos a lei cidade limpa, banners, outdoors, faixas, lambe lambe, poluem a cidade com a foto do pretendente e slogans absurdos como : “José da Silva, em favor da casa própria” ou “Mais saúde para sua família, José da Silva” ou então “Educação para todos, José da Silva vereador”. Como se um vereador pudesse prometer tais coisas.

E os carros de som ? Andam em velocidade baixa atrapalhando o trânsito e tocando horriveis marchinhas de político em altíssimo volume. Pelo menos nesse caso o político é mais claro: mostra ainda na campanha que não tá nem aí com ninguém.

Em Pelotas uma candidata a prefeitura usa o fato de ser negra para ,no jingle de campanha, dizer: “Nos Eua o Obama e aqui a fulana”. Aliás , por falar em Obama, o que tem se usado a palavra “mudança” (lá ele usa “change” ) nas campanhas é absurdo!

Tem Capitais onde nitidamente os lideres de campanha o são pelo simples fato de serem apoiados pelo presidente. “Fulana é amiga do Lula e ele vai dar mais dinheiro para nossa cidade”, pensam alguns. Simples assim.

De duas uma: ou o eleitor é muito ingênuo ou os candidatos não tem noção do que prometem. Ou serão as duas coisas?

Em um país onde o voto é obrigatório e as pessoas sequer lembram em quem votaram nas últimas eleições, vale qualquer coisa para chegar ao poder. Distribuição de benefícios, compra de voto, promessas falsas e muita, muita cara de pau.

São eleitos e re-eleitos sem cumprir o que prometem, ao mesmo tempo em que apontam números e estatísticas que sabem; ninguem entende e nem vai comprovar.

Elegem sem saber porque e, muitas vezes, por simpatia, para “não perder” e escolher quem está liderando as pesquisas ou em busca de benefício próprio como possibilidade de emprego, cesta básica ou dinheiro.

No fim das eleições veremos mais do mesmo. Gente comemorando, outros lamentando , discursos de posse e depois a realidade.

Sempre achei importante votar e, pela primeira vez, vou justificar o voto por estar fora de São Paulo. Confesso que estou achando bom.

Acho cada vez mais difícil dar meu voto a alguém já que, mesmo os que podem ter algo a dizer, sabem que quem elege é o “povão” e, para atingi-los, pode tudo, menos tentar ser lúcido no discurso e comedido nas propóstas.

Tem que ter show, músicas, sorriso, emoção e promessas, muitas promessas e quem tentar ser sério, certamente não se elegerá.

Os que tem reais preocupações sociais sabem que para serem eleitos precisam, desde financiamento de empresários( o que já compromete seu mandadato com o pagamento de tais “favores”) até a imbecilização do discurso de tal maneira que, os mais críticos e honestos, abrem mão da política e tentam outros caminhos, deixando livre para os oportunistas as cadeiras no legislativo e executivo.

Em breve teremos gente nova ocupando os lugares dos mais velhos, discursos de renovação e, no fim das contas, mais do mesmo, tudo de novo.

Acho que merecemos.

Enquanto estivermos conformados com esse tipo de política e não cobrarmos dos eleitos mais, estaremos a merce desse tipo de gente com discursos vazios, sorrisos, beijos em crianças e pouquissima preocupação social.

Dizem que cada povo tem o governante que merece e, pelo que vejo nas ruas, infelizmente, acho que essa máxima faz sentido.

E que venham as eleições !

flavio

Flavio Siqueira

 




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