Ibovespa teve o menor fechamento em 11 meses, enquanto moeda norte-americana encerrou cotada a R$ 5,66
A confirmação de que o governo planeja driblar o teto de gastos para financiar seu programa de auxílio social a ser lançado antes das eleições de 2022 ditou piora generalizada das perspectivas econômicas do país. O principal índice de ações brasileiras, o Ibovespa, atingiu o menor fechamento em 11 meses e o dólar, o maior patamar em seis meses.
A moeda norte-americana disparou contra o real nesta quinta-feira e fechou à vista em alta de 1,90%, a R$ 5,6683 na venda, maior valor para fechamento desde 14 de abril deste ano e sua maior valorização diária desde 8 de setembro.
O Ibovespa desabou 2,75%, para 107.735,01 pontos, menor fechamento desde 20 de novembro de 2020. A volatilidade decorrente do nervosismo com a rápida deterioração do cenário impulsionou o volume de negócios, que somou R$ 43,4 bilhões.
O movimento legislativo para “adequar” o teto orçamentário, mudando prazo de correção do teto de gastos e acomodar o auxílio a famílias de baixa renda até dezembro de 2022, foi a senha para economistas se certificarem de uma iminente piora das contas públicas, o que deve ser compensado com juros mais altos.
“Desenvolvimentos recentes na frente fiscal contaminam os preços dos ativos, prejudicam a credibilidade da política e aumentam o risco de alta para nossas perspectivas de inflação de médio prazo”, afirmou o JPMorgan, prevendo que o Banco Central vai acelerar a alta da Selic nas próximas duas reuniões.
Como resposta, ações de empresas que brilharam durante a pandemia, como de comércio eletrônico e construtoras, que já vinham sendo alvos de realização de lucros, intensificaram as perdas. O mesmo se deu sobre papéis ligados a commodities, com uma derrocada dos preços do minério de ferro na China.
Por fim, o temor de uma possível greve de caminhoneiros de larga escala pressionou diretamente empresas de combustíveis, após um evento nesta manhã no Rio de Janeiro.