Em discurso na Bahia, presidente afastada disse que programas como Bolsa Família estão em risco
Foto: Fabio Pozzebom / Agência Brasil / CP
Sem fazer referências ao fato de o presidente em exercício, Michel Temer, ter sido citado em delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, a presidente afastada Dilma Rousseff não economizou nos adjetivos à atual administração federal. Dilma chamou o governo Temer de ilegítimo, interino, provisório, usurpador e da turma dos sem voto, na tarde desta quinta-feira, quando esteve em Salvador para receber o título de cidadã baiana, conferido pelo deputado Rosemberg Pinto (PT).
Ao discursar no plenário da Assembleia Legislativa da Bahia, Dilma afirmou que o governo Temer está promovendo um verdadeiro desmonte de conquistas obtidas nos últimos anos de gestão petista, valendo-se de programas que não passariam pelas urnas, porque ninguém votaria.
Segundo Dilma, programas sociais como as cotas e o Bolsa Família estão em risco. “Sempre que falam que o programa tem que ser focado, que tem que pagar só para 5% das famílias, tem na base disso um preconceito de que quem recebe está enganado e fingindo que precisa. É um preconceito forte contra os pobres”, disse, lembrando que as crianças são as principais beneficiadas com o Bolsa Família e que o programa é uma complementação de renda.
Ela se disse preocupada também com o Minha Casa Minha Vida, bem como com outras políticas sociais e de reparação criadas no seu governo, porque “o governo provisório, interino, está querendo acabar com a faixa 1 do programa”, que atende à faixa de população de menor renda, que recebe até R$ 2 mil. “É desvirtuar, ferir de morte o programa que foi feito para atender justamente a esses”, salientou. Dilma também criticou a redução no número de ministérios, assim como o limite dos gastos de saúde e educação. “Estão desmontando tudo e tentando esconder que deram um golpe”, disse ela.
A presidente recorreu a uma metáfora para reafirmar a pratica do golpe contra a sua administração. Disse que o golpe de hoje se diferencia da forma usada pelos militares, no período da ditadura, quando prevalecia a violência, como um machado que corta uma árvore. “O golpe de agora é como uma arvore sendo atacada por parasitas implacáveis que querem tirar dela a sua seiva, por isso temos que continuar lutando”, disse, acrescentando que somente com a prevalência da democracia será possível extirpar todas a raízes dos parasitas.
Correio do Povo