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sexta-feira 22 novembro 2024
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Dilma contesta legitimidade do governo Temer

Em entrevista à TV Brasil, presidente afastada voltou a reiterar que está sendo vítima de um “golpe”

Dilma concedeu entrevista à TV Brasil nesta quinta-feira | Foto: Roberto Stuckert Filho / PF / CP

              Foto: Roberto Stuckert Filho / PF / CP
Em entrevista exibida na TV Brasil na noite desta quinta-feira, a presidente afastada, Dilma Rousseff, fez duras críticas ao governo Temer. Para ela, o atual chefe do Executivo age sem respaldo da população, além de expressar uma pauta conservadora ligada ao presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. “Com este governo interino não recuperamos a confiança de ninguém”, disparou.
“Não é possível isso o que está acontecendo no Brasil. Um governo que muda toda a estrutura, não tem nenhuma legitimidade pra fazer essas mudanças, toma essas atitudes como se tivesse sido eleito pelo voto popular”, afirmou ela. “Está claro: o governo Temer é a síntese do que pensa Eduardo Cunha. O governo expressa claramente a pauta do Cunha.”
Dilma crê em mudanças na lei do impeachment
A petista disse que acredita que, após o término do seu processo de impeachment, haverá uma reformulação na lei que trata do afastamento do presidente da República. “Não se pode deixar que haja essa atratividade para o golpe. Todo mundo que não tem capacidade de se eleger, que não tem voto suficiente, seu programa não resiste a uma eleição, não pode achar que a saída seja o impedimento do presidente em exercício”, argumentou.
Ela, no entanto, disse que trabalha para voltar ao cargo. “Reivindico voltar porque não cometi crime. Defendo o presidencialismo não por mim, mas para o futuro”, disse. Ao longo da conversa, Dilma voltou a reiterar que está sendo vítima de um “golpe”.
“Rompeu-se um pacto”
Caso volte ao poder – o Senado tem até novembro para votar o afastamento definitivo dela –, Dilma disse que a “população terá de ser consultada” em razão do que considerou do “rompimento de um pacto que vinha desde a Constituição de 1988”. Ela descartou eventuais alianças com atuais líderes do Congresso. Ela disse que, com Cunha, “apenas as pautas conservadoras serão aprovadas”.
Ela admitiu a possibilidade de ser realizado um plebiscito. “A recomposição é uma discussão séria a respeito para onde vamos. Só tem um jeito, dado um nível de contradição que tem hoje os diferentes atores deste país: é que se recorra à população para ela dizer”.
Crítica ao PSDB e à política externa
Dilma também acusou o PSDB de incentivar a política do “quanto pior, melhor” para viabilizar o impeachment de seu mandato. “O PSDB achava que se inviabilizasse meu governo do ponto de vista econômico, criaria o ambiente para um impeachment. Criaram, só que o impeachment caiu no colo do PMDB.” Ela disse que o Brasil deveria se inspirar em conceitos dos Estados Unidos, em uma crítica indireta ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “Lá um ex-presidente jamais fala do presidente em exercício. O Clinton não fala do Bush, e são opostos”.
Em opinião anti-PSDB, ela também fez duras críticas à atual política externa, comandada pelo ministro José Serra. Para a presidente afastada, diplomacia não se faz apenas com base em afinidades políticas. Atacou ainda as críticas ao Mercosul e ao estudo para fechar embaixadas na África: “A África terá cada vez mais importância. Não perceber isso, e ter uma visão de fechar embaixadas, é ter uma visão absolutamente minúscula da política externa”.
Assista à íntegra da entrevista:
Correio do Povo



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