Diário de uma coroa.
Sonhos!
Quando criança, não queria viver além dos 40 anos, pois não queria me transformar em uma senhora que usava chambre de bolinhas e ramona no cabelo, durante todo o santo dia.
Quando adolescente, estendi um pouco meu prazo, pois queria ser hippie, morar em uma comunidade alternativa, usar vestido longo, flor no cabelo e havaianas viradas; ouvindo Bob Dylan e Joan Baez. Mas infelizmente eu não passava de uma patricinha interiorana.
Então como rebeldia, passei a sonhar em fazer parte do grupo Baden Meinof, ser uma guerrilheira urbana, que salvaria o mundo da opressão dos mais poderosos. Porém dada a distância de minha cidade natal até a Alemanha, fui obrigada a cancelar minha romântica vida de terrorista.
Logo fui para a cidade grande estudar e meu sonho passou a ser uma vida tipo “Easy Rider”, viajando pelo mundo, sem destino. Mas era certinha demais, e sempre tive medo de andar de moto.
Então por um tempo me concentrei na vida real. Me formei, fui trabalhar, casei, tive filhos e netos e os sonhos passaram a ser as batalhas diárias, vencidas uma a uma e a vida passou voando.
Agora cheguei em uma etapa que os sonhos tornaram-se urgentes, não podem mais esperar, pois a cada dia que passa o tempo fica mais curto e a possibilidade de retorno é inexistente.
E qual é meu sonho agora?
Bem são muitos pois acumularam-se durante décadas, porém são mais reais e menos utópicos.
Mas o principal é tentar viver em paz com esta criatura controladora que vive em mim, é poder fazer algumas loucuras, que a idade vai me absolver, é ser feliz com as pequenas coisas, é poder dizer um grande “foda-se” para aquilo que me incomodar.
Enfim, meu grande sonho agora é apenas viver.
Viviane M Foresti
