Segundo funcionário da ESA, Didier Schmitt, o grande perigo dos detritos é o efeito dominó
A destruição de um satélite pelos russos gerou uma nuvem de detritos perto da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), com sete astronautas a bordo. Didier Schmitt, funcionário da Agência Espacial Europeia (ESA), explica à AFP como este incidente aumenta o risco de colisões no espaço.
Pergunta: Os astronautas que estão na ISS, 4 americanos, 2 russos e um alemão, estavam perto de uma catástrofe?
Portanto, para evitá-los, é preciso prevê-los com muita antecedência: assim, pode-se aumentar ou diminuir um pouco a órbita da ISS. Para isso, porém, é necessário um mapeamento preciso dos objetos em questão, o que não é o caso agora, já que acaba de acontecer o incidente. Os radares americanos estão fazendo os cálculos para descobrir.”
P: Enquanto isso, o que os astronautas podem fazer? Estão com medo?
“Ontem (segunda-feira), tiveram que cruzar os dedos e colocá-los em suas respectivas cápsulas. Alguns objetos passaram a menos de 1 km! Por enquanto, a ISS não deve mais passar pela mesma área dos escombros. Mas é claro que os astronautas tiveram medo!”
P: Os detritos são uma ameaça crescente? Como se proteger?
“O grande perigo dos detritos é o efeito dominó. Se houver mais detritos, há mais possibilidades de impactar satélites, ou seja, fazer outros explodirem e assim por diante. Nessa velocidade, qualquer impacto faz explodir a superfície. A Estação foi construída na década de 1990. Embora os riscos de colisão tenham aumentado desde então, a estrutura original da nave não mudou.
As cápsulas acopladas na ISS são melhor protegidas por várias camadas de alumínio, o que atenua o impacto. E como essas cápsulas são menores em relação ao tamanho da ISS (tão grande quanto um campo de futebol), o risco de colisão é menor.
Em caso de impacto com a Estação, não necessariamente ocorrerá o cenário catastrófico do filme ‘Gravidade’.
A Estação está equipada com sensores de pressão: se uma colisão causar um furo em algum lugar, um dos módulos da estação pode ser isolado, fechando-o, e então os vazamentos consertados, como os russos fizeram com a estação Mir.
Agora, se os destroços atingirem um depósito, aí sim é grave e pode haver uma explosão. Mas seria realmente o cúmulo do azar!”
Correio do Povo