Felipe Santa Cruz disse ainda que sistemas autoritários de exceção dependem da omissão ou da adesão da população
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, avaliou como assertivo o afastamento de Roberto Alvim da Secretaria Especial da Cultura, após referências ao nazismo em vídeo divulgado nas redes sociais, na sexta-feira passada.
Segundo Santa Cruz, a reação das instituições da sociedade se mostrou rápida e positiva, culminando na decisão de exonerar Alvim. “O presidente agiu certo nesse episódio ao ouvir a sociedade e ouvir as autoridades públicas. Espero que ele nomeie cada vez mais pessoas que se afastem desse perfil radical ideológico, polarizado e antidemocrático”, disse Santa Cruz ao Esfera Pública.
Ainda assim, Santa Cruz declarou que o Estado segue em estado de alerta. “É mais um episódio preocupante de grupos extremistas que claramente não têm apreço pelo processo democrático, pelas instituições. Quando um secretário de cultura, que é a maior autoridade de cultura de uma nação, vem a público com a musica tema que embalou o sonho dos nazistas, com um discurso claramente copiado do maior pensador do marketing nazista, é obrigatório aos democratas do pais ficarem em alerta”, disse.
O presidente da OAB disse ainda que os sistemas autoritários de exceção dependem da omissão ou da adesão da população. “Hoje não há. Prova disso foi a reação unânime em voz alta de repúdio a esse claro namoro do secretário Alvim com a ideia do nazismo. Todas essas lideranças que trabalham com ideia de ruptura devem ser rechaçadas pela população. Não é aceitável a ideia da supressão das liberdades, de um pensamento único como estava no discurso do secretário”, frisou.
Santa Cruz reiterou que o presidente Jair Bolsonaro “não tem apreço pelo debate público e pelo contraditório”, o que causa “perplexidade e preocupação”. “No ano passado, o presidente foi responsável por 121 episódios de ofensas e violências contra jornalistas, Isso não é concebível. Nunca houve uma relação dessas do supremo mandatário com a imprensa. A imprensa sempre fez críticas livremente. Isso é um dos grandes pilares da democracia brasileira hoje”, completou.