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sexta-feira 22 novembro 2024
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Coronavírus: médico sugere cautela antes de usar remédio contra malária

Cloroquina, ou hidroxicloroquina, baseou estudo com pequeno grupo que se curou do covid-19. Droga também é empregada em casos de artrite reumatoide

Foto: Pixabay

Após estudos apontarem para o possível tratamento do novo coronavírus com o medicamento cloroquina, ou hidroxicloroquina, empregado contra a malária, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovar o uso do fármaco para tratar o covid-19, especialistas dizem que é preciso ter cautela.

Segundo o infectologista Gerson Salvador, especialista em saúde pública ouvido pelo R7, o medicamento, apesar de ter “potencial”, “está sob estudo” para ser usado no tratamento de pessoas que contraírem o novo coronavírus. No entanto, segundo ele, é preciso aguardar resultados definitivos que apontem a eficácia do medicamento.

“As pessoas devem ter prudência, aguardar os resultados definitivos dos estudos, porque a gente pode ter um grande número de pessoas tomando o medicamento que nem está comprovado ser tão eficaz e, além do mais, um monte de gente com efeitos colaterais graves”, adverte Salvador.

Por enquanto, o estudo envolveu um pequeno grupo em Marselha, na França, e indicou que pessoas que fizeram uso de cloroquina, após alguns dias, já não tinham mais o coronavírus no organismo.

Apesar dos primeiros indicativos serem animadores, Salvador deixa claro que esse “é um estudo pequeno” e que, para saber se o tratamento é eficaz, é necessário testar em um número grande de pessoas e, inclusive, “testar os benefícios e os malefícios”.

Artrite reumatoide

Segundo Salvador, o medicamento, usado originalmente contra a malária, contém efeitos antiinflamatórios potentes, por isso é empregado contra muitas doenças autoimunes. A cloroquina é usada, por exemplo, por pacientes com artrite reumatoide e outras doenças popularmente chamadas por reumatismo.

No entanto, existem os efeitos colaterais que podem afetar a visão do paciente. O infectologista explica que a cloroquina pode causar lesão no nervo óptico e causar perda visual.

Por isso, é necessário fazer novos estudos para avaliar o uso do medicamento como tratamento do covid-19. Salvador explica que é preciso avaliar “se o número de pacientes que vai se beneficiar e melhorar [com o uso de cloroquina] compensa o de pessoas que vão se maleficiar tendo lesões no nervo óptico e deficiência visual posterior”.

Anvisa emite nota: “automedicação é grave risco à saúde”

Nessa quinta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu nota lembrando ter registrado a cloriquina e a hidroxicloroquina para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.

O órgão enfatiza que, apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovem o uso das substâncias para o tratamento da Covid-19. A agência também ressalta que a “automedicação pode representar um grave risco à saúde”.

Ricardo Pont/Radio Guaíba




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