Pesquisa apontou que respostas dos anticorpos podem ser induzidas em um período de 28 dias desde a primeira dose da vacina
O processo de ensaio clínico aleatório da vacina baseada no vírus inativo SARS-CoV-2 e revelou que as respostas de anticorpos podem ser induzidas em um período de 28 dias desde a primeira imunização, administrando as doses com um intervalo de 14 dias.
A investigação, realizada por uma equipe chinesa, identificou a dosagem ideal para gerar as respostas imunológicas mais altas, ao mesmo tempo em que observa os efeitos secundários. A publicação mostra que a vacina é segura e consegue produzir resposta imune no organismo 28 dias após a aplicação em 97% dos pacientes.
Os cientistas também advertem que as descobertas de Fase 3 serão “cruciais” para determinar se a resposta imunológica gerada pela CoronaVac é suficiente para proteger contra a infecção por SARS-CoV-2.
Estudos no Brasil
Em fase final de estudos no Brasil, a CoronaVac é considerada uma das vacinas mais promissoras no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e vem sendo testada em sete estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Coordenado pelo Instituto Butantan, os testes envolvem 13 mil profissionais de saúde em 16 centros de pesquisa de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Até o momento, mais de 10 mil pessoas já receberam ao menos uma das duas doses da vacina ou placebo.
Para determinar a eficácia da CoronaVac, é preciso que 151 participantes que receberam a substância sejam contaminados pelo coronavírus. A partir dessa amostragem, vai haver a comparação com o total dos que não receberam a vacina e, eventualmente, também tenham diagnóstico positivo de Covid-19.
Se o imunizante atingir os índices necessários de eficácia e segurança, deve ser submetido à avaliação da Anvisa para registro e posterior uso em campanhas de imunização.
Resposta rápida
De acordo com o estudo, a persistência da resposta do anticorpo precisa ser verificada em estudos futuros para determinar quanto tempo a proteção vai durar.
Como participaram do estudo apenas adultos saudáveis entre 18 e 59 anos, novas investigações serão feitas para poder testar a vacina candidata em outros grupos de diferentes idades, bem como em pessoas que tenham um quadro clínico prévio.
“Nossas descobertas mostraram que CoronaVac é capaz de induzir uma resposta rápida de anticorpos em quatro semanas de imunização, administrando duas doses da vacina com um intervalo de 14 dias”, cita Fengcai Zhu, coautor do estúdio, do Centro Provincial de Jiangsu para Controle e Prevenção de Doenças, Nanjing (China).
O especialista acrescentou que a longo prazo, quando o risco de Covid-19 for menor, os resultados sugerem que dar duas doses com intervalo de um mês, em vez de deixar um intervalo de duas semanas, pode ser mais apropriado para induzir respostas imunológicas mais fortes.
Vacina chinesa
CoronaVac, uma das 48 vacinas candidatas a combater o coronavírus atualmente em desenvolvimento, é baseada em uma cepa viral SARS-CoV-2 originalmente isolada de um paciente chinês.
Gang Zeng, um dos autores da pesquisa, do centro Sinovac Biotech em Pequim, destacou que CoronaVac pode ser uma opção atraente (DE vacina) porque pode ser armazenada em uma geladeira padrão entre 2 e 8 graus, algo típico de muitas vacinas já existentes, como a da gripe.
“A vacina também pode se manter estável por até três anos em armazenamento, o que oferece vantagens para sua distribuição em regiões onde o acesso à refrigeração é difícil”, observou.
No entanto, ele observou que “os dados dos estudos feitos na fase 3 serão cruciais antes que qualquer recomendação possa ser feita sobre os usos potenciais do Coronavac”.
Os autores também identificaram limitações para o estudo, como o ensaio de fase 2 não avaliar as respostas das chamadas células T, outra variante da resposta imune às infecções virais.