Após alta no fim do ano passado, valor do produto voltou a se estabilizar no início de 2020
Especialistas preveem que o preço da carne bovina brasileira vai passar por poucas oscilações nos primeiros meses deste ano e sofrer alguma queda posteriormente, o que resulta em tendência de aumento do consumo interno. Ao mesmo tempo, admitem que não é possível fazer avaliações categóricas do cenário enquanto não se souber com clareza quais os próximos movimentos da China, um dos principais importadores de carne brasileira, que fechou acordo comercial com os Estados Unidos e pode ampliar compras do país norte-americano.
No primeiro semestre, o preço da carne bovina deve se manter “relativamente estável”, segundo o coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro) da Ufrgs, Júlio Barcellos, e o presidente do Sindicato das Indústrias de Carne e Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ronei Lauxen. Para ambos, o valor pode recuar depois de março.
Números da NESPro/Ufrgs já apontam algum declínio de preços nos supermercados de Porto Alegre. No dia 17 de dezembro de 2019, o valor mínimo do quilo da picanha foi de R$ 68,49. Já no dia 7 de janeiro deste ano, havia caído para R$ 34,98. A veterinária e analista de mercado da Scot Consultoria, Marina Zaia, observa que a variação ocorreu porque “houve menor fluxo de escoamento da produção”. E projeta que a demanda por carne bovina fique mais aquecida no mercado interno.
Enquanto o consumidor fica com boas expectativas, o pecuarista encara algumas preocupações. O preço dos terneiros, cuja safra se inicia em fevereiro, já mostrou que está abaixo do esperado. Segundo o coordenador do NESPro/Ufrgs, “os produtores estão receosos”. Mas é possível que haja fatores que desfaçam esse prognóstico. O incêndio na Austrália e a crise econômica na Argentina são alguns deles, segundo Barcellos. Como são países com intensa produção de gado, “poderemos vir a ocupar o espaço comercial deles, e o valor da carne pode aumentar novamente”, avalia.
A analista de mercado na Scot Consultoria também entende que o cenário do momento não está consolidado. Para ela, a procura chinesa pela carne bovina deve se manter elevada, em função dos problemas trazidos com a Peste Suína Africana. “Outros países asiáticos foram tomados pela doença”, acrescenta. Já o presidente do Sicadergs observa a conjuntura nacional e diz que se houver baixa produtividade no Centro-Oeste do país por causa da entressafra, haverá aumento do preço da carne.
Correio do Povo