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quinta-feira 9 maio 2024
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Cartas! O que é isso? Viviane M. Foresti

Cartas! O que é isso?
“Escrevo-te estas mal traçadas linhas, meu amor
Porque veio a saudade visitar meu coração
Espero que desculpes os meus erros por favor” * ( A carta- Erasmo Carlos)
Existe algo mais antigo, mais “démodé” que escrever cartas? Talvez só o próprio démodé….
E dizer que há alguns poucos anos atrás era o meio de comunicação oficial.
Quase não dá para acreditar!
Meu primeiro contato com as cartas, foi nos anos 60, quando eu era a encarregada preferida da Nonna para levar e buscar a correspondência no Correio, e ganhava 1 centavo de cruzeiro pelo serviço prestado. Segundo ela, “de grão em grão, a galinha enche o papo” , de modo que demorava uma eternidade para juntar o suficiente para comprar apenas um “bico de açúcar queimado”, no bar do Clube Comercial. Mas valia a pena!
Só os mais antigos sabem do que estou falando, a ultrapassada geração X.
Os Millennials ou as gerações Z, Alfa e o que mais houver do alfabeto, não tem a mais vaga ideia do que estou dizendo e só conhecem os Correios, porque só fazem compras pela Internet e eventualmente recebem por ele.
Já a comunicação é quase instantânea, pelo WhatsApp ou outro aplicativo qualquer.
Sim, porque também não usam o telefone, coisa antiga que atrapalha suas atividades solitárias.
Mas para mim, já meio obsoleta, na visão dos netos, a carta era um meio de comunicação com o resto do mundo.
E, quando vim estudar na capital era o jeito de mandar e receber notícias e assim matar a saudade da família, já que não tínhamos telefone e só podíamos usar o “orelhão à cobrar”, se fosse uma emergência.
Envelopes, papel de carta perfumado, colorido, com desenhos ou ultra-fino para não pesar muito e não precisar pagar por selos extra.
Letra caprichada, para evitar rasuras.
E a ansiedade pela resposta que demorava mais do que gostaríamos?
Confesso que não gostava de escrever, morria de medo de errar o português, de rasurar o papel ou expor meus sentimentos e principalmente, passar pela censura rigorosa da Juju.
Fato comprovado no resgate de algumas poucas cartas antigas, que resistiram às mudanças de endereço e a limpezas ocasionais de velharias acumuladas.
Relendo, não sabia se ria ou se chorava.
Muita ingenuidade, até para uma bocó como eu.
VMF
Outubro 2023
PS: Roubando uns versos da música de Tonico e Tinoco:, também uma antiguidade .
Velhas Cartas
Antiga carta guardada
Que o tempo amarelo
É lembrança do passado
Que no meu peito ficou
Cada frase é uma saudade
Do tempo de nosso amor
Hoje é um risco de tinta
Relendo o meu pensamento
Cada letra é um suspiro
Que ficou no esquecimento
Resto de amor é saudade
No livro do sofrimento



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