Presidente da Câmara disse acreditar que, para uso de armas em propriedade rural, seja necessária a aprovação de uma lei
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), informou hoje que a assessoria técnica da Casa examina o decreto que flexibiliza a posse e facilita o porte de armas, assinado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro.
Leia sobre o decreto:
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Maia disse que a análise vai apontar se algum trecho da medida extrapola a competência do Poder Executivo. “Todos os decretos do governo são analisados, a Câmara sempre avalia se há alguma usurpação da competência do Legislativo. Se tiver alguma coisa, nós vamos decidir por algum encaminhamento. Se não, como nos outros, e foram muitos que não tiveram nenhum problema, nós não nos manifestamos”, disse.
Um dos pontos do decreto, amplia o uso de arma de fogo em áreas da zona rural. Até então, o uso era permitido apenas na casa sede da propriedade. Agora, está autorizado o uso em todo o perímetro do terreno. Também há uma permissão expressa na norma para que estabelecimentos credenciados pelo Comando do Exército possam vender armas, acessórios e munição.
Conforme Rodrigo Maia, o dispositivo que aumenta o uso de armas em propriedades rurais já vinha sendo discutido pela Câmara. O deputado disse acreditar que, para esse ponto, seja necessária a aprovação de uma lei.
“Acredito que a parte rural [precisa ser feita por lei], sim. A proposta que foi encaminhada, por acordo, para relatoria do [deputado] Capitão Augusto [PR-SP]. É o que trata da posse dentro do território [rural] para os residentes. É um texto, inclusive, dialogado com outros segmentos da sociedade, não apenas com aqueles que defendem a questão das armas. Acredito que esse tema, sim, precisa passar pelo Legislativo. Tanto que tem o projeto, com pedido de urgência, na pauta da Câmara”, ressaltou.
Maia disse que já conversou com o presidente Jair Bolsonaro sobre o dispositivo questionado e que não há “mal estar”, apesar do pedido de análise pela área técnica da Câmara sobre o decreto.
“Mesmo que tenha passado daquilo que a gente acredita [que seja competência da Câmara], não tem mal estar nenhum. Ele publicou o decreto, mas se a Câmara ou o Senado entendermos que há excesso no decreto, nós vamos questionar como questionamos outro no início da legislatura. Isso é democracia”, afirmou. “Quando um decreto não regulamenta leis, ele não é constitucional”, completou.