Ações e moeda americana sentem os efeitos das inseguranças em relação ao avanço do novo coronavírus
O cenário passou a ficar um pouco menos caótico após o Banco Central americano, Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês), anunciar um programa de injeção de liquidez no mercado americano, de US$ 1,5 trilhão, entre esta quinta-feira, 12, e sexta-feira, 13, por meio de operações de recompra de títulos. O índice DXY, que mede o dólar ante divisas fortes, desacelerou o ritmo de alta. Às 14h10min, o dólar à vista tinha alta de 1,30%, a R$ 4,7835. No mercado futuro, o contrato para abril tinha queda de 0,72%, a R$ 4,7865.
Desde que foi adotado em 1997, o mecanismo de suspensão temporária dos negócios foi acionado 22 vezes. Mas é apenas a quarta vez que a suspensão por uma hora ocorre. Neste mês, a Bolsa de Valores já se desvalorizou 30,86% e, no ano, 37,72%.
Já são mais de 14 mil pontos de baixa no índice. Assim que o segundo “circuit breaker” foi acionado, o principal índice à vista da B3 tinha queda de 15,43%, aos 72.026,68 pontos, caindo mais de 13 mil em relação ao fechamento da véspera. “Nunca vi um pânico assim e que tem como fundamento uma pandemia”, diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimentos.
Dólar
O dólar também abriu as negociações nessa quinta-feira, 12, em forte alta. A moeda americana começou o dia cotada a R$ 5,0280, maior valor nominal (sem levar em conta a inflação) desde o início do Plano Real. Para conter a alta, o Banco Central tentou injetar no mercado US$ 3,5 bilhões, mas conseguiu vender apenas US$ 1,6 bilhão. Após essa ação do BC, a moeda americana flutua entre R$ 4,85 e R$ 4,90.
As Bolsas norte-americanas também entraram em “circuit breaker” instantes após a abertura. Por lá, as bolsas foram travadas em queda na faixa de 7,00%, enquanto na B3, o Ibovespa travou ao despencar 11,65%, aos 75.247,25 pontos. Às 10h53min, os índices americanos voltaram a operar.
Tudo isso acontece em meio às incertezas para a economia global provocadas pelo avanço do coronavírus e ao temor com os rumos do ajuste fiscal no Brasil, após o Congresso aprovar uma medida que cria um novo gasto de R$ 20 bilhões ao ano para o governo, o mercado financeiro vive mais um dia de perdas. Além disso, o mau humor voltou a se estabelecer entre os investidores depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite de quarta-feira, 11, a suspensão por 30 dias de voos da Europa para o país, exceto os que partirem do Reino Unido, como forma de conter a propagação do Covid-19.
Correio do Povo