Tribunais eleitorais foram alvos de vandalismo com mudança brusca de resultados das urnas, eliminando 2º turno
Segundo a lei boliviana, um candidato vence no primeiro turno se obtiver 50% mais um dos votos ou superar os 40% com dez pontos porcentuais de diferença do segundo colocado.
Os resultados preliminares TREP (Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares) são um procedimento estatístico criado para tentar prever o resultado das eleições. O TSE havia suspendido a contagem com o argumento de que a apuração oficial havia começado e não fazia sentido investir tempo na apuração provisória. Na noite de domingo, um primeiro boletim da contagem rápida, com 84% dos votos apurados pelo TREP, dava 45,28% a Evo e 38,16% a Mesa, mas o escrutínio foi paralisado até a tarde desta segunda-feira, provocando protestos de Mesa e dos observadores da OEA. Além disso, países como Brasil, Argentina e Estados Unidos pediram a reativação do TREP.
Mesa disse mais cedo nesta segunda que os resultados do TREP garantiriam um segundo turno contra Evo em dezembro, e denunciou que a situação, em cumplicidade com o TSE, estava tentando manipular os votos. Por este motivo, convocou militantes e a população a se mobilizar para que seja respeitada a vontade popular. Após quase 24 horas de silêncio, o órgão leu o novo boletim dentro do hotel Radisson Plaza. Imediatamente, lá fora, militantes do partido de Mesa, Comunidad Ciudadana (CC), gritavam “Fraude, Fraude!”, enquanto os governistas respondiam gritando “Assassinos! Assassinos!!”
Opositor convoca resistência democrática
A polícia foi obrigada a usar gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Enquanto isso, Mesa assegurou que não reconhecerá os resultados e convocou os bolivianos para uma “resistência democrática”. O opositor disse que o resultado foi “uma fraude escandalosa” e “uma vergonha”.
“Não aceitaremos essa votação. Foi um resultado arranjado”, disse Mesa, que criticou a paralisação e pediu uma mobilização popular para exigir transparência. “Quero denunciar que o governo está tentando evitar um segundo turno.”
A oposição garante que apurações independentes mostravam um resultado diferente. “A partir de todas as contagens rápidas independentes, estamos no segundo turno com uma diferença inferior a 5 pontos porcentuais. O que está acontecendo é grave, ao ponto de observadores da OEA fazerem um alerta, perguntando por que a recontagem tinha sido interrompida. Não podemos aceitar que se manipule um resultado que nos leva ao segundo turno, que deve ser realizado de qualquer maneira”, disse Mesa.
O que aumentou a suspeita de fraude foi a paralisação de quase 24 horas na apuração preliminar do TSE, quando parecia que a eleição seria definida no segundo turno. O presidente, há 14 anos no poder, nunca disputou um segundo turno. Hoje, o governo da Bolívia aceitou uma missão de acompanhamento da apuração de observadores da Organização dos Estados Americanos.
Potosí, estopim de protestos
A missão “rechaçou” a interrupção da apuração de votos na região de Potosí, no sudoeste da Bolívia, onde foram registrados protestos contra o órgão eleitoral diante dos temores de fraude em benefício de Evo.
Os protestos obrigaram o Tribunal Departamental a suspender a apuração de votos na cidade, e veículos de comunicação locais revelaram que policiais se deslocavam da vizinha Sucre a Potosí, sem que o governo tenha confirmado ou informado as razões deste deslocamento.
“A Missão de Observação Eleitoral da #OEAnaBolivia rejeita a interrupção da contagem definitiva no Tribunal Eleitoral Departamental (TED) de Potosí e faz um apelo a que se retome para dar certeza à cidadania. Urgimos que estes processos se realizem de forma pacífica”, destacou a organização no Twitter.
O tuíte foi publicado horas depois de o Ministério das Relações Exteriores informar, pela mesma rede social, que o chanceler Diego Pary e os observadores da OEA “acordaram estabelecer uma equipe de acompanhamento permanente no processo de contagem oficial de votos”.
A missão da OEA celebrou uma reunião “com o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) e transmitiu-lhe a necessidade de manter informada a cidadania sobre os passos seguintes na entrega dos resultados”. Os protestos em Potosi diante da sede do tribunal eleitoral se estenderam para La Paz (oeste) e Santa Cruz (leste). na liderança (46,4%), seguido do opositor Carlos Mesa (37,07%), com 95,09% das cédulas apuradas.
Entre Morales e Mesa, segundo um informe público do sistema TREP (Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares), controlado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), há uma diferença de 9,33 pontos e o chefe de Estado estaria a 0,67 ponto de vencer no primeiro turno e, desta forma, evitar um segundo turno que a oposição reivindica.
Segundo a lei boliviana, um candidato vence no primeiro turno se obtiver 50% mais um dos votos ou superar os 40% com dez pontos de diferença do segundo colocado. Na noite de domingo, um primeiro boletim da contagem rápida, com 84% dos votos apurados pelo TREP, dava 45,28% a Morales e 38,16% a Mesa, mas o escrutínio foi paralisado até a tarde desta segunda-feira, provocando protestos de Mesa e dos observadores da Organização de Estados Americanos.
Além disso, países como Brasil, Argentina e Estados Unidos pediram a reativação do TREP. Mesa disse mais cedo nesta segunda que os resultados do TREP garantiriam um segundo turno contra Morales em dezembro, e denunciou que a situação, em cumplicidade com o TSE, está tentando manipular os votos. Por este motivo, convocou militantes e a população a se mobilizar para que seja respeitada a vontade popular.
Em La Paz, nos arredores de um luxuoso hotel onde o TSE faz a apuração dos votos, militantes do partido de Mesa, o Comunidade Cidadã, estiveram desde o meio-dia agitando bandeiras do partido e gritando para pedir respeito à votação que, insistem, assegura um segundo turno.