Outras 149 pessoas seguem desaparecidas após tragédia nos arredores de Miami
Doze pessoas morreram e 149 permaneciam desaparecidas após o desabamento parcial de um prédio perto de Miami. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará nesta quinta-feira o local.
Segundo a Casa Branca, Biden percorrerá o cenário da tragédia acompanhado da primeira-dama, Jill Biden, para garantir que as autoridades estaduais e locais tenham tudo o que precisam para a enfrentar a situação. “Eles querem agradecer aos heroicos socorristas, equipes de busca e resgate e a todos os que trabalham incansavelmente 24 horas por dia”, disse a secretária de imprensa, Jen Psaki.
As equipes de resgate que chegaram momentos após a queda da torre de 55 apartamentos ajudaram a evacuar dezenas de moradores e retiraram um adolescente vivo dos escombros. Mas desde então, autoridades têm enfrentado a frustração crescente de familiares e amigos de moradores que ainda estão presos sob uma enorme pilha de concreto e ferro retorcido.
Busca exaustiva
Dois guindastes são usados para remover cuidadosamente os escombros. Os bombeiros trabalham com a ajuda de tecnologia de busca por imagem e som, embora a esperança diminua à medida que os dias passam.
Dois venezuelanos foram identificados entre os mortos e há outros 29 latino-americanos vinculados à propriedade da qual ainda não há notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile.
“Sentimos que esta tragédia em Miami é nossa porque é o principal assentamento de venezuelanos nos Estados Unidos”, disse Carlos Vecchio, representante diplomático do opositor venezuelano Juan Guaidó, considerado presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos. “Não vamos perder as esperanças!”, pediu Vecchio, após visitar o local nesta terça-feira.
Autoridades locais prometeram uma investigação completa sobre as causas do ocorrido. Segundo uma carta divulgada nesta terça-feira pela imprensa americana, o presidente da associação dos coproprietários do complexo Champlain Towers South, Jean Wodnicki, alertou os moradores há dois meses que seu prédio estava sofrendo uma “deterioração” crescente.
Na carta, de 9 de abril, ele estimou que seria necessário investir cerca de 15 milhões de dólares nas avaliações necessárias para resolver problemas estruturais.
Desde 2018, “a deterioração do concreto se acelerou, a condição do telhado piorou consideravelmente”, alertou Wodnicki.
Naquele ano, um relatório sobre a luxuosa construção já indicava “danos estruturais significativos”, bem como “rachaduras” no porão do prédio, de acordo com documentos divulgados pelo governo de Surfside.
“A impermeabilização sob as bordas da piscina e a via de acesso para veículos (…) já ultrapassou sua vida útil e, portanto, deve ser removida e totalmente substituída”, escreveu o especialista Frank Morabito neste documento, pedindo reparos “dentro de um prazo razoável”, embora sem indicar abertamente um risco de colapso.
“Não vi nada que me dissesse que seria melhor sair daqui se eu estivesse nesse prédio”, disse o engenheiro Allyn Kilsheimer, enviado pela cidade de Surfside para esclarecer as causas da tragédia. “Nunca há nada perfeito no projeto” de um edifício, julgou o especialista, que trabalhou após o ataque ao Pentágono no 11 de Setembro e no terremoto na Cidade do México em 1985. “É possível que tenha entrado em cena uma combinação de fatores.”
A investigação para apontar a causa exata da tragédia deve levar meses.
Correio do Povo