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segunda-feira 29 abril 2024
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Beltrame admite que suspeitos de estuprar jovem no Rio podem fugir

Polícia ainda não definiu o número de agressores envolvidos no crime

Ao lado de Beltrame, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes deram uma coletiva na noite desta sexta-feira | Foto: Ministério da Justiça / Divulgação / CP

           Foto: Ministério da Justiça / Divulgação / CP
O secretário da Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu nessa quinta-feira que a falta de pedido de prisão dos quatro homens já identificados de participar do estupro coletivo de uma jovem de 16 anos pode permitir a fuga dos suspeitos. Ao lado de Beltrame, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, colocou a Polícia Federal à disposição para ajudar na busca dos envolvidos, mas o secretário diz que a Polícia Civil vai elucidar o caso. Na terça-feira, o governo federal vai tratar da violência contra a mulher em reunião com secretários da área de todo o País.
A jovem afirma que foi violentada por mais de 30 homens, no sábado passado, no Morro da Barão, zona oeste do Rio, e imagens da vítima foram divulgadas na internet, o que causou uma série de protestos. Houve manifestações na quinta no Rio, em São Paulo e em Curitiba. Já foram identificados Lucas Duarte Santos, que prestou depoimento nesta sexta-feira, Michel Brazil da Silva, Raphael Assis Duarte Belo e Marcelo Miranda da Cruz Correa.
“Se ele (o delegado que comanda as investigações) ainda não fez (o pedido de prisão), pode ter certeza de que ainda não conseguiu subsídios suficientes para isso. Se isso não foi feito, algum pequeno detalhe faltou”, disse Beltrame. “Mesmo assim, para que se peça a prisão preventiva, ela tem de ser bem fundamentada”, afirmou o secretário fluminense ao lado do ministro em entrevista coletiva.
Os delegados responsáveis pelo caso também falaram sobre a decisão de não pedir a prisão preventiva à Justiça. “Como pai, como marido, também penso ‘por que esse sujeito ainda não está preso?’. Mas, do ponto de vista técnico, essas decisões são mais complexas”, afirmou o chefe da Polícia Civil do Rio, Fernando Veloso.
A polícia ainda não definiu o número de agressores envolvidos no crime. “Não chegamos a conclusões para dizer que houve estupro coletivo por 33, 36, 30”, afirmou Veloso. “Há indícios veementes de que houve estupro, mas não podemos afirmar ainda se houve ou não. Só o exame de corpo de delito vai apontar”, disse. Segundo Beltrame, porém, o número de agressores não trará diferença na condução do caso. “Seja uma pessoa ou 30 pessoas, essa adolescente é vítima, e é assim que ela tem de ser tratada”, afirmou.
Para a polícia, a prioridade agora é dar andamento às investigações e localizar outros suspeitos. “Vamos conduzir essas pessoas (suspeitos) o quanto antes para tomar uma declaração”, disse o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). A divulgação das imagens por si só já é crime.
Ferimento
Moraes afirmou que o estupro coletivo fere a dignidade de todas as mulheres. “Esse é um atentado à dignidade não só da vítima, mas à de todas as mulheres”, disse. “Aqueles que praticaram esse crime hediondo serão achados, serão presos e serão condenados”, disse.
O ministro viajou ao Rio para discutir o caso com Beltrame. No início da noite, os dois falaram com os jornalistas. Beltrame afirmou que o crime é uma agressão a todos os cidadãos. “Seja lá com o auxílio de quem for, não vamos permitir que um crime dessa natureza fique impune”, disse o secretário. “Só posso dizer que vamos buscar as pessoas que cometeram essa atrocidade.” O secretário confirmou que a polícia deflagrou uma operação no Morro da Barão, na noite de ontem. Até as 21 horas, não havia informações de detidos.
Reunião
A secretária nacional de Direitos Humanos, Flávia Piovesan, disse que foi convocada por Moraes para participar da reunião de terça-feira, ao lado da secretária nacional de Políticas para Mulheres, Fátima Pelaes. “O tópico central, que receberá grande prioridade, é a temática de violência contra a mulher.” Ela afirmou que o caso causa “perplexidade, estarrecimento e indignação coletiva”.
Flávia disse que o caso mostra as características da violência de gênero. “Esse é um componente cultural baseado em relações assimétricas entre homens e mulheres. É fundamental adotar medidas preventivas de combate à cultura de violência contra a mulher.” O presidente em exercício, Michel Temer, publicou uma nota na qual repudiou “com a mais absoluta veemência o estupro da adolescente no Rio”. Ele prometeu criar um departamento para combater a violência contra a mulher nos moldes da Delegacia da Mulher. “É um absurdo que em pleno século 21 tenhamos que conviver com crimes bárbaros como esse.”
Correio do Povo



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