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sábado 28 setembro 2024
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Alexandra Dougokenski é condenada por morte do filho, Rafael Winques

Alexandra Dougokenski é condenada por morte do filho, Rafael Winques

Mãe do garoto foi sentenciada a 30 anos e 2 meses por crime que chocou o Estado em maio de 2020

Alexandra Salete Dougokenski notificou desaparecimento antes de, na época, confessar crime

Alexandra Salete Dougokenski notificou desaparecimento antes de, na época, confessar crime 

Alexandra Salete Dougokenski foi considerada culpada pela morte do filho, Rafael Mateus Winques. A decisão foi divulgada no fim da noite desta quarta-feira, após o terceiro dia de julgamento no Salão do Júri da Comarca de Planalto, no Norte do Rio Grande do Sul. A defesa informou que irá recorrer.

A juíza Marilene Parizotto Campagna leu a sentença já perto da meia-noite, confirmando a condenação a 30 anos e 2 meses de prisão, com regime inicial fechado. Dessa pena, 28 anos são por homicídio com 4 qualificadoras. Alexandra foi condenada também por ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.

A criança foi morta em maio de 2020. Rafael Mateus Winques tinha 11 anos. O crime chocou o estado logo nos primeiros meses da pandemia de Covid-19. Rafael foi considerado desaparecido e, durante as buscas, Alexandra chegou a dar uma entrevista pedindo ajuda para encontrar o filho. Dias depois, confessou o crime, indicando o local onde teria escondido o corpo.

Durante a fase da sustentação da acusação no júri do caso Rafael, os promotores de Justiça afastaram a versão indicada por ela de que o pai matou o filho, apontando que o homem não estava na cidade no período.

Também apontaram as cinco versões que ela apresentou para o assassinato ao longo das investigações. O promotor de Justiça Diogo Gomes Taborda indicou que houve “premeditação” no caso, afirmando que Alexandra aproveitou que o namorado, Delair, não dormiria na casa naquela noite para cometer o crime.

Ele também relatou como o corpo do menino foi colocado na caixa. E falou sobre a versão dela de que o pai matou Rafael, apontando ser esta mais uma mentira “sádica” da ré. “Não tem cabimento. Rodrigo passou todo o tempo em Bento Gonçalves.” O promotor pediu a condenação de Alexandra por todos os crimes de que é acusada.

Após, o promotor de Justiça Marcelo Tubino Vieira destacou que a dose da medicação dada a Rafael causava sono, mas não o suficiente para matar. “Ela sufocou o menino em vida. Alexandra teve nas suas mãos o destino e o futuro de uma criança que deveria cuidar”, disse, pedindo aos jurados a condenação da ré pelos crimes. “A gente está aqui pelo Rafael. Estamos aqui para cumprir a lei.”

Houve a sustentação da defesa da ré, feita pelo advogado Jean Severo. Ele afirmou que Alexandra foi criticada por ser mãe rígida e organizada, criticada por manter a casa limpa e “que puxava pelos filhos”, destacando não haver motivação para ela cometer o crime.

“Se encontraram motivação, condenem, mas não há”, afirmou. De acordo com ele, Alexandra foi constrangida pela polícia a assumir em interrogatório a responsabilidade pelo crime e que, conforme ela lhe relatou, quiseram forçá-la a dizer que quis matar o menino.

Ele pediu a absolvição de Alexandra, destacando não haver um histórico de agressões por parte dela contra o menino. Afirmou que absolvê-la seria fazer justiça com ela e com o garoto. O advogado pediu, aos jurados, imparcialidade: “Na dúvida, eu absolvo”. Ele ainda afirmou que a absolvição é uma oportunidade de Alexandra “reconstruir a vida do filho”, apontando para Anderson Dougokenski, irmão mais velho de Rafael, hoje com 19 anos.

Jean Severo também falou sobre Rodrigo, indicando conteúdos do celular dele e apontando crimes que o pai do menino teria cometido. “E aí, vou deixar ele solto, e ela presa?”, questionou. O advogado também mencionou a quantidade de celulares que o pai teria e afirmou que não houve a devida perícia nos aparelhos. “Uma absolvição dela vai forçar a Polícia a investigar o pai”, afirmou o defensor, destacando que Rodrigo estava em Planalto na época do crime.

Após pausa de 15 minutos, no início da noite, houve a réplica por parte da acusação e a tréplica realizada pela defesa.

Ao contrário do que disse em juízo, a ré, que é acusada de quatro crimes, homicídio qualificado, ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual, afirmou que o ex-marido Rodrigo Winques esteve em sua residência na madrugada do crime. Alexandra foi a décima primeira pessoa a prestar depoimento sobre o caso e falou no terceiro dia do julgamento. Ela acusou o ex-marido da morte do filho e o chamou de assassino. “Naquela madrugada, sem que ninguém imaginasse, nossa vida ia ser destruída”, destacou.

Segundo a ré, os delegados teriam insistido para que ele desconstituísse os advogados de defesa. “Disseram que se eu não falasse o que estavam dizendo, seria autorizado por juiz para eu ser colocada num manicômio onde eu nunca mais ia ver meu filho e minha família, ia ficar abandonada para sempre até morrer”, afirmou.

Ao falar do relacionamento de 11 anos com Rodrigo, Alexandra disse que viveu um casamento abusivo e relatou ocasiões em que foi agredida com socos pelo ex companheiro.

Correio do Povo

 




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