Informação, obtida a partir da caixa preta, foi revelada pela edição de domingo do jornal alemão Bild
Avião se choca a 700 km/hora e explode com seus 150 ocupantes | Foto: Anne-Christine Poujoulat / AFP / CP
“Abra a maldita porta!”, gritou o comandante do avião da Germanwings para seu copiloto que levava a aeronave contra a montanha, provocando gritos de pânico dos passageiros alguns minutos antes de cair.
Estas informações, obtidas a partir da caixa preta que registrou o som ambiente da cabine, foram reveladas pela edição de domingo do jornal alemão Bild.
O promotor de Marselha (sudeste da França), disse quinta-feira que esta gravação mostrou que o copiloto trancou a porta da cabine quando o comandante foi ao banheiro pouco antes da queda do avião. Mas não detalhou os diálogos entre os dois homens.
De acordo com o Bild, durante os primeiros 20 minutos de voo o comandante Patrick S. e seu co-piloto Andreas Lubitz fizeram comentários banais.
O comandante explica ao copiloto, por exemplo, que não teve tempo de ir ao banheiro antes de decolar em Barcelona.
Às 10h27min, o piloto pediu a Lubitz que preparasse o pouso em Düsseldorf. O copiloto diz “espero”, “vamos ver”.
O piloto deixa a cabine para ir ao banheiro e o avião começa a descer.
Logo depois, um “barulho alto”, como se alguém tentasse entrar na cabine, é ouvido – segundo o Bild. Depois a voz do piloto dizendo: “pelo amor de Deus, abra a porta!”.
No fundo, os passageiros começam a gritar, segundo o jornal.
O comandante tenta abrir a porta com um machado e, em seguida, grita: “Abra a maldita porta!”.
Por volta das 10h40min, o Airbus toca a montanha e os gritos desesperados dos passageiros são ouvidos. São os últimos ruídos da gravação, segundo o Bild. Imediatamente depois, a máquina se choca a 700 km/hora e explode com seus 150 ocupantes nos Alpes franceses.
No sábado, o Bild publicou uma entrevista de uma aeromoça que teria tido um caso com Lubitz, e reforçou a pista que sugere que o co-piloto sofria problemas mentais.
Ela garante que quando soube da tragédia, lembrou-se de uma frase do piloto: “um dia eu vou fazer algo que vai mudar todo o sistema, e todo mundo vai saber meu nome”.
Se Lubitz “fez isso”, “é porque ele percebeu que, devido a seus problemas de saúde, seu sonho de trabalhar na Lufthansa como comandante e piloto de longo curso era praticamente impossível”, acrescentou a aeromoça na entrevista.
Outro jornal alemão, o Welt am Sonntag, escreveu que os investigadores descobriram na casa de Lubitz “muitos medicamentos” para “doenças mentais”.
O jovem, “severamente deprimido”, teria sofrido uma “síndrome de estresse” e teria consultado “vários neurologistas e psiquiatras”.
Procuradores de Düsseldorf disseram na sexta-feira ter encontrado licenças médicas rasgadas na casa do jovem piloto. No entanto, não encontrou nenhuma carta de despedida explicando o que ele pretendia fazer.
De acordo com o jornal The New York Times, o jovem tinha problemas oculares graves que poderiam tê-lo impedido de voar.
E o Bild disse neste domingo que Lubitz sofreu um descolamento de retina, uma condição ocular curável que pode impedir que um piloto siga voando, caso não seja tratada a tempo.
O general da polícia militar francês Jean-Pierre Michel, que esteve no sábado em Düsseldorf com uma delegação de três pessoas vindas da França para colaborar com os investigadores alemães, confirmou que a “personalidade” de Andreas Lubitz é “uma pista séria” para a investigação.
Mas o sub-diretor da polícia judicial afirmou que a possibilidade de haver um “erro involuntário ou falha técnica” não está descartada.
No sudeste da França, as equipes de resgate começaram neste domingo o sexto dia consecutivo de buscas na área do desastre para continuar a recuperação e identificação de restos humanos, bem como para localizar a segunda caixa-preta do avião.
Fonte Correio do Povo.