A vida e as suas surpresas
É tão estranho quando a nossa felicidade parece não nos pertencer.
É como um pássaro cuja as asas estão penduradas nas costas de um cachorro.
Nada contra o cachorro evidente mas a verdade é que elas estão no lugar errado.
Eu que costumava pensar que as coisas sempre se encaixaria nos seus lugares e desses lugares elas não escapariam.
E é como a areia que corre dentro da ampulheta marcando o tempo, cujo vidro torna a sensação de escoamento mais angustiante.
Parece também como tomar um remédio muito forte e você ter a impressão de que todas as sensações estão ali acontecendo sem que você possa controlá-las ou acessá-las.
E essa apatia aparente revela que em nossa vida tudo tem um tempo e que esse tempo nunca é somente nosso.
Eu fico então mas consolado quando leio Eclesiastes, no seu Capítulo terceiro:
Para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir, tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz.
Marcelo Etiene