A respiração é uma atividade que garante ao corpo o oxigênio necessário para a produção de energia e eliminação do gás carbônico resultante das reações químicas. Durante a prática de exercício físico, como andar de bicicleta, uma respiração controlada pode significar um ganho de desempenho, postergação da fadiga e benefícios para a sua saúde.
A respiração é uma atividade executada tão mecanicamente que muitas vezes negligenciamos a sua importância durante o exercício de pedalar. É comum os ciclistas procurarem informações e técnicas para se tornar mais ágeis e eficientes, comprarem equipamentos de alto valor e tomarem outras iniciativas visando melhorar o desempenho nas provas e trilhas. Mas o verdadeiro motor de tudo isto é o corpo humano, e a respiração é um dos principais combustíveis!
Segundo especialistas, respirar da maneira correta auxilia no controle da atividade cardíaca e favorece o condicionamento físico. Luciano Lemos Colla, educador físico (CREF 019314-SP) e proprietário da Fitness Evolutions Academia, de Guarujá – SP, afirma: “independente de qual for o treino, se o praticante tiver uma respiração controlada conseguirá que o corpo melhore o seu desempenho, fazendo com que a absorção de oxigênio no corpo seja melhor. Isso também ajudará no controle da frequência cardíaca, evitando a fadiga e sobrecarga”.
Isso acontece porque uma respiração ritmada e controlada torna os batimentos cardíacos estáveis e dessa forma o ciclista realiza o mesmo trabalho com menos esforço.
Para que tudo funcione bem, não só a respiração deve ser correta como o ajuste do ciclista à bicicleta deve estar confortável e fino, para permitir que o corpo execute todas as suas funções. Cerca de 20 músculos são acionados durante a respiração e a grande maioria tem relação com a postura. Os principais são os músculos intercostais externos e o diafragma, que trabalham durante a inspiração, e os músculos intercostais internos e os abdominais, que trabalham durante a expiração. A capacidade respiratória melhora com uma boa postura. Se o ciclista estiver bem ajustado à bike, a capacidade dos pulmões se expandirem vai ser ideal. O mau posicionamento sobrecarrega alguns músculos utilizados na respiração e isso influencia negativamente no desempenho do ciclista.
Além de um bom bike fit, outra dica interessante são exercícios de fortalecimento e alongamento dos músculos envolvidos na respiração. Os exercícios de Pilates que trabalham o CORE são uma boa opção.
Estudos mostram que os efeitos podem ser negativos no desempenho do ciclista quando houver desvios no padrão respiratório: taquipneia (aumento da frequência respiratória), aumento da hiperinsuflação dinâmica e consequente aumento do trabalho respiratório, que pode resultar no chamado blood stealing, quando o sangue migra dos músculos periféricos para os músculos respiratórios para atender às suas demandas. Com isso, há uma diminuição de energia nos músculos periféricos, como os das pernas, tão exigidos durante o pedal. Também pode ocorrer fadiga muscular respiratória e dispneia aumentada (falta de ar), o que resulta na diminuição do desempenho do atleta.
Essas insuficiências respiratórias comprometem a troca gasosa, o que antecipa a fadiga muscular e provoca inclusive a perda da técnica da pedalada, podendo ocasionar lesões.
Para melhorar a respiração, a orientação de Luciano é simples: “as pessoas devem seguir sempre o procedimento natural do corpo, inspirar pelo nariz e soltar o ar pela boca. Não existe melhor controle que este. O praticante não deve se preocupar com como deve respirar, porque se fizer isso a sua atenção ficará um pouco fora do foco, que deveria ser o treinamento, prova ou passeio”.
Quando o ciclista fica ofegante, significa que ele atingiu o limiar anaeróbico e a produção de gás carbônico foi aumentada.
Ficar ofegante significa, então, uma mensagem do corpo pedindo para que haja a troca gasosa e esta substância seja eliminada. É importante controlar a respiração neste momento e ajustar o esforço físico até baixar o limiar anaeróbico para retornar ao ritmo normal.
A prática do ciclismo é benéfica em termos de capacidade respiratória, desde que seja praticada dentro dos limites de cada indivíduo. Segundo Luciano, “o ciclismo, conforme a prática frequente e acima dos 30 minutos de atividade, melhora a capacidade cardiorrespiratória, resultando numa melhor absorção do oxigênio pelo corpo, desenvolve o músculo principal cardíaco (coração), que promoverá maior queima calórica reduzindo as gorduras do corpo e regulando o colesterol, previne problemas cardíacos e respiratórios e promove uma melhor circulação sanguínea”.
O corpo humano é uma complexa e incrível criação, e não há como pensar apenas em seus membros separadamente. Tudo está conectado e suas funções mais simples e mecânicas, como o ato de respirar, são importantes para o funcionamento geral.
Fonte Revista Bicicleta