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sábado 23 novembro 2024
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A Páscoa através de 3 gerações – Viviane M Foresti

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Se non è vero è bene trovato
A Páscoa através de 3 gerações

Vou começar pela minha geração.
Para nós, a Páscoa ainda era um feriado religioso que começava na quinta-feira e terminava no domingo onde comemorava-se a ressurreição de Cristo na missa matinal.
Lembro de Cristo crucificado num altar lateral da Igreja onde as pessoas faziam fila para beijar seus pés, menos eu que tinha verdadeiro pavor de tocar naquela fria estátua de gesso, e sempre que podia me escapava.
Era um período de reflexão em que não se podia ouvir música, falar alto e muito menos comer carne. Meu pai jejuava na quinta-feira e na sexta-feira Santa comíamos peixe.
No domingo também ganhávamos as cestinhas de Páscoa, com poucos chocolates e muitos cartuchos de papel de seda e ovos de galinhas pintados por nós e recheados com amendoim açucarado.
Então eu e minhas irmãs, sentávamos na cama para conferirmos o conteúdo. Uma barra de Estância Velha, uma caixinha de Gauchinho, ou de Bonzinho, Beijos de Moça, Bastão de Leite, jujuba, Mentex e um ovo de açúcar decorado. Os ovos de galinha não contavam e ai da mãe se tivesse errado na divisão
Meu sonho de criança era um dia ganhar um ovo grande só para mim. Sonho que só foi concretizado na adolescência, com 16/17 anos quando ganhei o dito ovo do namorado e me senti a mais poderosa das criaturas, exibindo-o para as minhas pobres irmãs que precisaram implorar para ganhar uma provinha.
O Nonno, por sua vez comprava um saco de 1kg de balas Mocinho e distribuía para os netos e quem mais aparecesse para desejar Feliz Páscoa.
A segunda geração ou seja minhas filhas, viveram o auge das caixas de bombom e do exagero. Ganhavam 3 cestinhas, uma dos pais e uma de cada vó, mais uma caixa de bombons de cada tia, que eram quatro. Um absurdo!
A parte religiosa desapareceu e a Páscoa virou símbolo de encontro familiar e bacalhau.
Já para a terceira geração, meus netos o chocolate está banalizado, faz parte do dia à dia, desprezam as caixas de bombons e escolhem o ovo pelo brinde que vem dentro e não tem a mais vaga idéia do que se comemora na Páscoa
Ainda acreditam no coelhinho, mas não entendem porque “cargas d’água” um coelho que nem põe ovos quer distribuir ovos chocolates para todos.
A única tradição que se manteve em comum nas três gerações foram as pegadas do coelhinho feitas com farinha e espalhadas pela casa.
E assim caminha a humanidade…
VMF




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