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sexta-feira 22 novembro 2024
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Do que são feitos os sonhos, afinal? Marcelo Etiene.

Eu creio que isso, todo mundo mesmo já se perguntou algum dia. Sonhos sempre foram vistos como algo inatingível, e por isso mesmo, sonhos. 

Mas alguém – talvez algum desses autores de literatura de auto-ajuda, um dia apareceu e nos disse com toda segurança que: “Sonhos são o planejamento do futuro”, ou seja, uma espécie de antevisão da realidade virtualmente possível, potencial.

Daí apareceram milhares de outros autores para tentar nos explicar (???) essa mecânica: Como transformar sonhos em realidade?

A verdade é que não há uma só fórmula para isso. 
Às vezes agimos como animais adestrados. Queremos crer que a cada boa ação que praticarmos, nós iremos receber algum tipo de recompensa.
Com o tempo, nosso egoísmo vai nos envenenando e nos fazendo crer que fazemos sempre mais do que merecemos receber. 
Nos tornamos credores do tempo e das intempéries. 
E quem paga a conta quando não chove? 
Quem paga pelo amor que não recebemos?
Da mesma forma, a nossa surrealidade contraria o sentimento de predileção e de afinidade e extrapola o gosto alheio, não é?
 Como afirmar que pais e mães gostem igualmente de seus filhos e filhas?
 Pois é.
Vivemos forçando a barra no dia-a-dia, mas a grande esperança que temos é que os sonhos estejam lá no dia seguinte, esperando por nós, de alguma forma.
Por isso somos tão competitivos, arrojados e elementares em nossas escolhas. Somos tudo o que não deveríamos ser. 
Não praticamos algo absolutamente fundamental e essencial: o desapego.
Não estou dizendo com isso que a sociedade deva experimentar algum tipo de situação de extrema miséria e doar tudo para a caridade.
O desapego é maior que isso e mais simples. 
Desapegar é não se importar tanto com modismos, cargos, padrões. 
A moda escraviza. Sonhos, apesar de libertadores, tornam algumas realidades inviáveis. Esquizofrênicas.
Sonhamos em estarmos elegantes, quando o que de fato deveríamos querer era ser elegantes. 
A elegância é um estado de espírito, onde o Ser se torna alheio à quase tudo que veio ou ao que foi, mantendo apenas aquilo que o fará ‘ter’ sempre a mesma essência. 
É preciso evoluir para conservar valores através dos tempos.
Outros de nós (e às vezes nós mesmos) sonhamos que SOMOS alguma coisa. Não. Na realidade, apenas estamos. 
E é apenas naquele breve instante na eternidade que estaremos enquadrados num espaço-tempo em que ocuparemos um cargo importante ou uma função elevada.
Padrões de Realidade também nos levam a desdenhar daquilo que, mesmo inversamente, potencialmente poderíamos nos tornar. Desdenhar é sonhar a realidade às avessas. 
É forçar ‘Ser’ ainda pior do que aquilo que julguemos ruim ou inapropriado.
E à essas alturas, os sonhos já viraram algo que não se materializará, pois o barco se afastou demais da beira; da realidade. 

Se tornaram ILUSÕES. Seus sonhos então se vão para nunca mais.


Eles ficaram lá, num lugar lindo para sempre,
Esperando que você traga uma realidade perfeita para eles.




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