Em seguida, Trump assinou uma carta formal dirigida à ONU, notificando a organização sobre a decisão do país de deixar o acordo histórico de 2015, que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que impulsionam as mudanças climáticas.
A saída do acordo levaria um ano após a apresentação da notificação formal às Nações Unidas, que patrocinam as negociações globais sobre o clima.
Críticos alertam que a medida poderia incentivar outros grandes emissores, como China e Índia, a reduzirem seus próprios compromissos.
Essa decisão ocorre em um momento em que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez, nos últimos dois anos, o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, destacando a urgência de ações climáticas.
O secretário executivo da ONU para Mudança Climática, Simon Stiell, afirmou para Trump que “a porta continua aberta” para o retorno ao acordo.
Stiell enfatizou que “o crescimento global das energias limpas — avaliado em 2 trilhões de dólares (R$ 12 trilhões) apenas no ano passado — é o acordo de crescimento econômico da década. Adotá-lo significa enormes benefícios, milhões de empregos e ar limpo”.
“A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris é lamentável, mas a ação climática multilateral demonstrou sua resiliência e é mais forte do que as políticas de um único país”, declarou Laurence Tubiana, diretora-geral da Fundação Europeia para o Clima e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris.
Mais exploração, menos veículos elétricos
Trump utilizou seu discurso de posse para adiantar uma série de decretos federais de grande alcance relacionados à energia, com o objetivo de desfazer o legado climático de Joe Biden.
“A crise inflacionária foi causada por gastos excessivos massivos e pelo aumento dos preços da energia, e é por isso que hoje também declararei uma emergência energética nacional. Vamos ‘perfurar, querida, perfurar!'”, disse Trump.
“Voltaremos a ser uma nação rica, e é esse ouro líquido sob nossos pés que ajudará a alcançar isso”, acrescentou.
Elogios e críticas
As promessas de Trump foram bem recebidas por líderes da indústria de energia, que enxergam as políticas da administração como um retorno à era do “domínio energético americano”.
“A indústria americana de petróleo e gás natural está pronta para trabalhar com a nova administração para oferecer soluções energéticas de bom senso, como os americanos votaram”, afirmou Mike Sommers, presidente e CEO do Instituto Americano de Petróleo.
No entanto, as promessas provocaram indignação imediata entre defensores do meio ambiente, que argumentam que dobrar a produção de combustíveis fósseis ignora os desafios urgentes das mudanças climáticas.
“Essa declaração é mais uma prova de que Trump parece não reconhecer o mundo real”, disse à AFP Athan Manuel, diretor do programa de proteção da terra do Sierra Club.
“Os Estados Unidos estão produzindo mais energia, mais petróleo e gás do que qualquer país já produziu.”
A declaração de Trump ocorre apesar do consenso científico de que a queima de combustíveis fósseis levou as temperaturas globais a níveis sem precedentes, contribuindo para desastres climáticos cada vez mais graves.
Correio do Povo