Declaração do Brics cita Ucrânia apenas uma vez, fala em moeda comum e critica ONU
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul assinaram documento; pautas convergem, de maneira geral, para interesses de Lula
A declaração de Joanesburgo também cita a guerra iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, fazendo alusão à Ucrânia apenas uma vez.
“Registramos com apreço propostas relevantes de mediação e bons ofícios que visam à resolução pacífica do conflito através do diálogo e da diplomacia, incluindo a Missão de Paz dos Líderes Africanos e o caminho proposto para a paz”, registra o texto.
“Reconhecemos a importância do aumento da participação das mulheres nos processos de paz, incluindo na prevenção e resolução de conflitos”, defendem os Brics, em outro trecho.
Não há, porém, críticas ao regime de Putin nem às atitudes dele em relação ao conflito. O presidente russo, inclusive, não participou da cúpula — apenas de forma remota – porque há um mandado de prisão contra ele emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes na guerra com a Ucrânia. O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, representou pessoalmente o país.Em outro trecho da declaração, os países-membros do Brics fazem referência à importância de utilizar as moedas locais, citando pedidos direcionados aos respectivos ministros das Finanças para, na próxima cúpula, discutir melhor sobre o tema.
Lula defende a pauta visando reduzir a dependência em relação ao dólar nas transações comerciais entre os países.
“Salientamos a importância de incentivar a utilização de moedas locais no comércio internacional e transações financeiras entre os [países do] Brics. Também incentivamos o fortalecimento das redes de correspondentes bancários entre os países do Brics, permitindo liquidações nas moedas locais”, aponta o comunicado.
“Encarregamos os nossos ministros das Finanças e governadores dos Bancos Centrais de considerar a questão das moedas locais, instrumentos e plataformas de pagamento e relatar até a próxima cúpula”.