PF: em mensagens, ex-chefe da PRF ordenou ‘policiamento direcionado’ a eleitores de Lula
Conversas obtidas pela corporação mostraram que subordinados de Silvinei Vasques o criticaram por esse motivo
Conversas de WhatsApp de 12 de outubro no celular de Alcântara com o policial rodoviário federal Luís Carlos Reischak Júnior, então diretor de Inteligência da PRF, indicaram a orientação de uma ação ostensiva para o dia 30 do mesmo mês.
Chama a atenção, conforme a PF, um trecho que menciona abordagens de ônibus levando “passageiros de São Paulo para o Nordeste”.
“Perfeito, chefe. Acho que é bom e assim, acho que a gente tem que levar em consideração também essa decisão recente do [ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto] Barroso que liberou o transporte gratuito de eleitores no dia 30. Porque vai ser difícil caracterizar o transporte clandestino de eleitor, né”, respondeu Alcântara.
À Record TV, a defesa de Silvinei disse, em referência ao mapeamento dos eleitores de Lula, que ele não pode ser responsabilizado por atos que tenham sido cometidos por outras pessoas. A defesa do ex-diretor da PRF disse ainda que “as operações no segundo turno foram coordenadas pelo Ministério da Justiça”.A decisão de Barroso mencionada liberou municípios de todo o país de fornecer transporte gratuito no dia 30, quando ocorreu o segundo turno das eleições.Segundo a PF, cerca de 30 minutos depois, Reischak disse que pretendia acompanhar Vasques em uma reunião com o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. A corporação confirmou que, no mesmo dia, houve uma reunião do Conselho Superior da PRF com a participação de diretores, superintendentes e coordenadores-gerais, na qual o uso de celulares era proibido.Além disso, a corporação citou um ofício despachado por Vasques no qual consta que “houve inicialmente a emissão de um único plano de trabalho, que englobaria as operações do 1º e 2º turno, caso houvesse”.
Depois, o próprio diretor-geral informou que houve uma nova versão do documento, com a previsão de fiscalização de transporte de passageiros, que não havia sido incluída na primeira. “Havendo, portanto, diferença de procedimentos entre o primeiro e segundo turno das eleições”, reforça a PF.Em 30 de outubro de 2022, policiais rodoviários federais realizaram blitze em diversas rodovias do Nordeste. Naquele dia, a corporação alegou a tentativa de evitar possíveis crimes eleitorais no dia do pleito.Os bloqueios foram feitos mesmo depois de o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, ter decidido, na véspera do segundo turno, a proibição de qualquer tipo de operação relacionada ao transporte público, gratuito ou não, de eleitores.Silvinei Vasques acabou exonerado do cargo de diretor-geral da PRF em dezembro e já era réu por improbidade administrativa devido à operação.Aposentado desde o ano passado, Vasques, de 48 anos, nasceu em Ivaiporã, no Paraná, e integra os quadros da PRF desde 1995. Ele exerceu diversos cargos de chefia, como o de superintendente da corporação em Santa Catarina e no Rio de Janeiro.
FONTE R7