Indicação de Zanin ao STF não deve sofrer resistência no Senado
Designação feita pelo presidente Lula, no entanto, esbarra em disputas políticas envolvendo políticos com forte influência
A indicação do advogado Cristiano Zanin para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não deve sofrer resistências no Senado, mas esbarra em disputas políticas envolvendo políticos de robusta influência no país, como o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Em telefonema com Lula nesta semana, Lira pediu respeito após o senador Renan Calheiros, aliado do Palácio do Planalto, ter criticado o presidente da Câmara nas redes sociais, incluindo uma fala sobre uma suposta denúncia de agressão. O parlamentar é pai de Renan Filho, atual ministro dos Transportes.
Lira negou que tenha pedido a cabeça de Renan Filho ou de qualquer outro ministro, mas defendeu que o Planalto dê mais espaço para outros partidos na Esplanada dos Ministérios, a fim de facilitar a governabilidade. Lira falou da eventual falta articulação política para Lula ao menos duas vezes.
Em entrevista, Lula também negou que Lira tenha pedido o comando de ministérios, incluindo os que são chefiados por integrantes do União Brasil, como Integração e Desenvolvimento Regional, comandado por Waldez Góes, uma escolha pessoal de Alcolumbre. O senador é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por avaliar a indicação de Zanin ao STF.
Alcolumbre deve dar ritmo normal à apreciação do nome de Zanin na CCJ, diferentemente do que ocorreu com André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro à Corte e que esperou meses pela sabatina na comissão mais importante do Senado. A garantia de que isso vai ocorrer, inclusive, partiu do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Na CCJ, um dos cotados para assumir a relatoria de Zanin é o senador Eduardo Braga (MDB-AM), que é bem visto pelo Palácio do Planalto. A expectativa é de que o nome do advogado seja sabatinado na comissão e depois apreciado no plenário da Casa até o começo de julho, antes do recesso do meio do ano.