Em depoimento à PF, Bento Albuquerque muda versão dizendo que joias eram presentes de Estado
Ex-ministro disse que apenas supôs se tratarem de presentes para Michelle Bolsonaro
O almirante da Marinha e ex-ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro Bento Albuquerque prestou depoimento à Polícia Federal, nesta terça-feira, a respeito do caso dos presentes enviados pelo governo saudita ao Brasil. O depoimento se deu por videoconferência, do Rio de Janeiro, e durou cerca de uma hora. O ex-assessor dele, Marcos Soeiro, que trazia as joias na bagagem, também falou à PF.
Aos investigadores, Bento Albuquerque afirmou que os pacotes de joias eram presentes de Estado, entregues por um oficial do governo saudita já perto do retorno da comitiva brasileira.
O ex-ministro também disse que os pacotes não foram abertos até a chegada ao Brasil, e que não recebeu a informação de que os presentes eram destinados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ou à primeira-dama Michelle Bolsonaro. A versão é diferente da que havia sido apresentada por Bento Albuquerque no aeroporto de Guarulhos; ao ver as joias, ele disse que tudo era endereçado à primeira-dama.
Agora, o ex-ministro disse que apenas supôs se tratarem de presentes para Michelle.
Em outubro de 2021, ao voltar de uma viagem da Arábia Saudita, a comitiva do ex-ministro, que havia representado o ex-presidente Jair Bolsonaro em um evento, tentou entrar no país com joias avaliadas em mais de R$ 16 milhões.
O conjunto com colar de diamantes acabou apreendido no aeroporto de Guarulhos. Assessores do então presidente tentaram liberar as joias e um segundo pacote, com relógio e anéis, passou irregularmente pela alfândega, sendo incorporado ao acervo pessoal de Jair Bolsonaro.
A defesa do ex-presidente afirmou ao Tribunal de Contas da União (TCU) que vai entregar esse segundo pacote, antecipando-se a uma decisão ainda não tomada pelo tribunal, que julga o caso em plenário nesta quarta-feira.
Além disso, também está aberta uma investigação da Receita Federal. Os auditores intimaram o ex-ministro Bento Albuquerque a explicar a entrada no Brasil do segundo estojo com relógio e anéis. Esse presente ficou um ano no cofre do Ministério de Minas e Energia, sendo depois colocado no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Receita quer saber por que a comitiva não seguiu o roteiro tradicional do regime de importação para a incorporação de bens públicos, que determina que presentes como joias e objetos de valor sejam colocados no acervo da Presidência da República e se tornem bens públicos pertencentes ao Estado brasileiro.
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