Após receber a faixa, Lula se emociona e promete “combater desigualdade dia e noite”
Mandatário apontou retrocesso com volta da fome e miséria no país
Lula se referiu à frente ampla montada antes e ao longo da campanha eleitoral e buscou ser conciliador, mesmo contra ferrenhos opositores. “Quero me dirigir aos que optaram por outros candidatos: vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, não apenas para quem votou em mim. Pelo futuro de todos”, salientou.
“A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra e uma família vivendo em desarmonia. Hora de reatar os laços”, acrescentou Lula. “Nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz. A disputa eleitoral acabou. Repito o que disse após a vitória de 30 de outubro sobre a necessidade de unir o país”, emendou o presidente.
Antes, ele lembrou os que lhe deram apoio quando esteve preso no Paraná, antes dos processos nos quais era citado serem extintos pelo STF. “Quero começar fazendo uma saudação especial a cada um e cada uma de vocês, uma forma de lembrar e retribuir o carinho e força que recebi todos os dias do povo brasileiro na vigília Lula Livre, num dos momentos mais difíceis da minha vida”, comentou. “Hoje num dos dias mais felizes, a saudação que faço não poderia ser outra. Boa tarde, povo brasileiro!”
“Não existem dois Brasis. Somos um único povo, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras. Compartilhamos uma mesma virtude, não desistimos nunca”, afirmou Lula. “Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, sabemos que é tempo de replantio.
Que a primavera há de chegar e ela já chegou”, sublinhou o mandatário. “Hoje a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança.”
Lula lembrou do primeiro discurso de posse e do combate à fome, que relatou ter sido cumprido durante os dois mandatos como presidente.
Ele embargou a voz e chorou, contudo, ao citar que a extrema pobreza voltou. “Muito do que fizemos foi desfeito de forma irresponsável e criminosa. A fome está de volta, não por obra da natureza, força do destino. É um crime, o mais grave de todos que foram cometidos contra o povo brasileiro”, apontou.
“É filha da desigualdade, a mãe dos grandes males que atrasa o desenvolvimento do Brasil”, definiu, citando ainda cenas recentes de famílias buscando restos de osso em açougues e mercados, o que interrompeu o discurso com lágrimas novamente..
“Se queremos construir nosso futuro, conviver num país desenvolvido para todos e todas, não pode haver espaço para tanta desigualdade”, destacou o presidente. “A real grandeza de um país se mostra na felicidade do seu povo. E ninguém é feliz de fato em meio a tantas desigualdade”, acrescentou.