Presidente levantou dúvidas sobre as urnas, mas defesa alegou que intenção era sugerir aperfeiçoamento do sistema de votação
Segundo os advogados do presidente, por mais que Bolsonaro tenha feito reclamações “duras e enfáticas”, nunca se pretendeu colocar em xeque o regime democrático.
Os advogados dizem também que Bolsonaro quis sugerir o aperfeiçoamento do sistema de votação do país. “A verdade é que a referida reunião diplomática foi convocada para o intercâmbio de ideias sobre o processo eleitoral vigente no Brasil” (…)
Segundo constou de seu discurso, [o presidente da República pretendeu] buscar soluções para solucionar os defeitos que entende presentes e melhorar os padrões de transparência e segurança do processo eleitoral brasileiro”, complementou a defesa do presidente.
O que Bolsonaro disse
Durante a conversa com os diplomatas estrangeiros, Bolsonaro disse, entre outros pontos, que as urnas completaram automaticamente o voto no PT nas eleições de 2018, que os aparelhos não dispõem de sistemas que permitem auditoria, que não é possível acompanhar a contagem dos votos e que a apuração é realizada por uma empresa terceirizada. Ele também atacou ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Partidos de oposição acionaram o Supremo e acusaram o presidente de ter cometido crime contra o Estado Democrático do Direito, delito eleitoral, crime de responsabilidade e improbidade administrativa. Os advogados de Bolsonaro, no entanto, rejeitaram qualquer atitude ilícita do presidente.
“Não é possível interpretar a reunião diplomática como uma tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Aliás, beira ao absurdo acreditar que uma reunião diplomática, devidamente convocada como ato típico de governo e anotada na agenda oficial do presidente da República divulgada no sítio eletrônico da Presidência, pudesse trazer qualquer risco à sólida democracia brasileira”, destacou a defesa do presidente.
O processo no STF era relatado pela presidente da Corte, Rosa Weber, que nesta semana determinou o trancamento da apuração sobre o caso na Procuradoria-Geral da República (PGR) por entender que a acusação não pode ser tratada como assunto interno por parte do órgão. Com a posse de Rosa Weber na presidência do STF, o ministro Luiz Fux assume a relatoria.