Ao longo das investigações, os advogados Ilson Escóssia da Veiga e Jorgina Maria de Freitas Fernandes apareceram como os principais envolvidos no esquema.
Ficou constatado que eles desviaram cerca de 600 milhões de dólares da Previdência.
Além do juiz e de 15 advogados, a quadrilha contava com a participação de dois procuradores do INSS e de um contador judicial, que fazia cálculos até 60.000% a mais dos valores das indenizações a serem pagas pelo INSS.
Eles faziam desvios nas áreas de concessão de benefícios e de assistência médica e chegavam a usar nomes de pessoas mortas.
Ilson da Veiga foi condenado a 15 anos de prisão pelo envolvimento no esquema. Ele desviou 128 milhões de dólares. A maior parte do dinheiro desviado por ele foi enviada para uma conta em seu nome em um banco na Suíça e foi repatriada depois que os crimes vieram à tona.
A segunda maior fraudadora foi a advogada Jorgina de Freitas. Ela desviou 112 milhões de dólares e também foi condenada a 15 anos de reclusão.
Quando o esquema foi descoberto, Jorgina fugiu e passou cinco anos foragida no exterior. Ela fez diversas cirurgias plásticas para não ser reconhecida e passou por diversos países. Em 3 de novembro de 1997, se entregou à polícia da Costa Rica, pois, segundo a imprensa, vinha sendo extorquida por mercenários nicaraguenses que tinha contratado para garantir a sua segurança.
Depois de intensa negociação, ela foi expatriada para o Brasil em fevereiro do ano seguinte, tendo a sua pena reduzida para 12 anos.
Em 2010, Jorgina de Freitas foi solta da prisão, mas, antes disso, ela teve que devolver mais de 220 milhões de reais ao INSS e teve seus bens leiloados, entre eles, 57 imóveis adquiridos com o dinheiro desviado da Previdência.
Na época do leilão, Jorgina denunciou que os valores dos imóveis estavam bem abaixo do valor de mercado e que o leilão era uma nova fraude na Previdência.
Durante o período em que esteve presa, Jorgina ajudou na administração do presídio, atuando como consultora jurídica das detentas e organizando eventos. Ela chegou a organizar o concurso de Miss Presidiária no presídio Talavera Bruce.
Quando conquistou a sua liberdade, entrou no curso de Pedagogia e afirmou ter o projeto de atuar em uma ONG que atenda presídios. Seu maior medo é ser reconhecida na rua. Embora saiba que seu nome será eternamente associado à fraude na Previdência, ela afirma que as pessoas não reconhecem o seu rosto e, assim, consegue seguir a vida sem ser apontada como a grande fraudadora do INSS.
Em entrevista à revista “IstoÉ”, Jorgina afirmou que os rumos que tomaram o seu processo foram decorrentes do fato de ser negra e neta de pessoas escravizadas. Segundo ela, a cor da pele influenciou em seu julgamento, já que muitos outros envolvidos não tiveram a mesma punição que ela.
Em fevereiro de 2021, um sítio que Jorgina tinha em Petrópolis foi leiloado, fazendo com que a sua história fosse relembrada. O imóvel foi avaliado em 936 mil.
Atualmente, ela rechaça o título de fraudadora, pois afirma já ter cumprido a sua pena. Após passar 14 anos na prisão, Jorgina de Freitas evita falar sobre o esquema de corrupção que levou a seu nome a ser conhecido em todo o Brasil. Ela vive em uma casa alugada pelo seu filho e se mantém com a pensão que recebe do marido já falecido.
iconografiadahistoria.com.br/
Referências:
https://istoe.com.br/133253_O+ROUBO+NA+PREVIDENCIA+SO+MUDOU+DE+MAOS+/