Vara de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 40 milhões, em imóveis e ônibus, de integrantes do PCC e do contador
A Justiça de São Paulo decretou o sequestro de bens de integrantes do PCC e de um contador ligado ao ex-presidente Lula. A 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Dinheiro determinou o bloqueio de R$ 40 milhões em imóveis e ônibus de pessoas de dentro da quadrilha e do contador João Muniz Leite, responsável pelo Imposto de Renda de Lula.
A medida da Justiça atingiu 250 ônibus da UPBus, a empresa de ônibus comprada por Santa Fausta supostamente com o dinheiro lavado nas loterias. A UPBus mantém contrato de R$ 660 milhões com a Prefeitura de São Paulo e toma conta de 13 linhas de ônibus na zona leste. Além de Santa Fausta, Cebola, que está foragido, faz parte da diretoria da empresa. O sequestro dos ônibus, e não das contas da empresa, serviu para que a ação não paralise o funcionamento, prejudicando os usuários.
Como mostrou o Estadão, o contador é suspeito de ser o “operador de um complexo esquema de lavagem de dinheiro através de prêmios da Loteria Federal”. Segundo a contagem final da Polícia Civil, o montante lavado por ele em prêmios na loteria chegou aos R$ 40 milhões. Do total, R$ 16 milhões ficaram com Muniz Leite e o restante teria ficado com Santa Fausta. Em diversas ocasiões, os valores das apostas superavam o dos prêmios obtidos, com exceção de dois prêmios de R$ 16 milhões na Mega Sena.
Familiares
Muniz é contador da família do ex-presidente Lula até os dias atuais, embora o petista não seja alvo da investigação. Os documentos de cadastro da mais recente empresa criada por Lulinha, a LLF Tech Participações LTDA, levam o logo da JML Assessoria Contábil e Fiscal. A empresa é sediada no apartamento onde o filho do ex-presidente reside. O imóvel está em nome do empresário Jonas Suassuna, que foi sócio de Lulinha e proprietário formal do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, propriedade em razão da qual Lula foi processado na Lava Jato.
O advogado de João Muniz, Jorge Delmanto, afirmou ao Estadão que vai “acessar o processo”, para, então, se manifestar sobre a investigação. “Adianto apenas que a empresa de Contabilidade tem mais de 30 anos de atuação, com mais de 60 funcionários e média de mil clientes ativos, sendo empresa voltada ao profissionalismo, legalidade, ilibada e com postura ética em todos os casos”, disse.
A reportagem procurou ainda a assessoria de Lula e a sua defesa e a de seu filho. O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, disse não saber se Muniz ainda presta serviços para o petista. O criminalista Fábio Tofic, que defende Lulinha, não se manifestou. A defesa da família Santa Fausta e dos demais integrantes do PCC investigados pelo Denarc também não foi localizada pela reportagem.
Correio do Povo