Candidatura do ex-governador gaúcho coloca um fim no período de sete meses de especulações sobre seu futuro político
Passados 74 dias da renúncia ao cargo de governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite finalmente confirmou qual será seu destino político nas eleições de outubro.
Após reunião, no final da manhã desta segunda-feira, com a executiva estadual tucana, lideranças, parlamentares, prefeitos e o atual governador, Ranolfo Vieira Junior, Leite assume a condição de pré-candidato do PSDB ao Piratini. Embora tenha afirmado, desde o pleito passado, que não tentaria nova eleição ao posto que ocupara até dois meses e meio atrás, Leite estará na disputa.
“Comunico aos gaúchos e gaúchos que sou pré-candidato ao governo do Estado.
Essa é uma decisão coletiva do partido, mas sobretudo com o governador Ranolfo”, destacou Leite, que afirma estar reconsiderando a possibilidade de estar no pleito ao Piratini desde janeiro.
O ex-governador disse que a decisão final se deu após a necessidade de pensar em soluções para o país em meio à polarização. Leite disse que a sua renúncia o deixou mais à vontade para “ser um candidato a governador e não um governador candidato.
Mudei de opinião, mas não mudei de princípios.
A renúncia me abria todas as possibilidades”.
Ranolfo lembrou que era pré-candidato em 2017 pelo PTB e houve uma composição para ser vice de Leite. Afirmou que sua missão é concluir esse governo e garantir que haja uma continuidade, sem “retroceder”. “O que me move não são vaidades individuais.
Entendemos que o nome do Eduardo Leite possa ser o melhor nome do PSDB, dando seguimento a esse projeto. É o que importa para mim”, afirmou.
A decisão deve “destravar” o intrincado cenário da disputa, visto que outros partidos adotaram compasso de espera para definir alianças. Esse quadro abrange não só siglas sem postulantes ao cargo, mas também aquelas que já anunciaram pré-candidato, como o MDB, com Gabriel Souza. Embora o movimento de Leite derive da aliança dos dois partidos nacionalmente pelo apoio a pré-candidatura Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência.
No entanto, essa situação não será tão simples no RS. Gabriel e o presidente da sigla no Estado, Fábio Branco, firmam posição em encabeçar a disputa, embora alas do partido vejam o apoio a Leite como melhor opção, assumindo a posição de vice na chapa, com o próprio Gabriel ou outro nome da sigla.
A decisão do MDB, agora com Leite candidato, interfere também em movimentos do União Brasil (UB) e do PSD, partidos que fazem parte do governo Ranolfo. O UB, fusão do Democratas com o PSL, possui alas bolsonaristas, que tendem ao apoio ao pré-candidato do PL, Onyx Lorenzoni.
Em caso de falha para um consenso do PSDB com o MDB, o partido poderia ocupar um posto mais importante na formulação da chapa, no entanto. Já o PSD busca uma chapa que potencialize a pré-candidatura de Ana Amélia Lemos ao Senado, um cenário provável é a formação de chapa com o MDB, em caso de manutenção da pré-candidatura de Gabriel Souza. Já o Podemos, que tem Lasier Martins buscando reeleição, permanece aliado aos tucanos.
Leite afirma ainda que deve intensificar negociações com siglas, entre elas o PP. O partido já tem um pré-canditato ao governo, senador Luis Carlos Heinze, com quem o tucano disse que pretende conversar. Em 2018, Heinze desistiu da sua candidatura ao governo para apoiar a chapa de Leite. Atualmente, o PP se mantém aliado ao governo, com o deputado Frederico Antunes como líder do governo na Assembleia Legislativa. Ele deixa o cargo nesta terça-feira.
Correio do Povo