Na última quarta-feira, 04, completou um ano do caso que comoveu Estado de Santa Catarina, repercutiu em todo o Brasil e até mesmo internacionalmente: a chacina em uma creche no município de Saudades, uma cidade pacata no Oeste do estado catarinense.
Procurando fama, Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, invadiu a creche Pró-Infância Aquarela, pouco antes das 10h da manhã, com um objetivo: matar quem ele pudesse. Mesmo sem ter passagens pela polícia, de forma extremamente covarde, Kipper se armou com uma adaga, atacou bebês, professores e funcionários que estavam no ambiente. Cinco pessoas morreram, sendo três crianças, uma professora e uma funcionária.
A Polícia Civil destacou que o jovem morava próximo e chegou no educandário de bicicleta. Primeiramente ele atacou uma professora de 30 anos, que mesmo ferida correu para outra sala, onde estavam quatro crianças e uma funcionária da escola, na tentativa de alertar sobre o perigo.
Sem piedade, ele atacou as crianças e a funcionária que estavam na sala. Duas meninas de menos de dois anos e a professora que sofreu o ataque inicial morreram no local. Outra criança e a funcionária morreram depois no hospital.
O assassino foi preso no local e levado em estado grave de saúde até o hospital de Pinhalzinho, cidade vizinha, após tentar cometer suicídio desferindo golpes de espada contra si mesmo.
INVESTIGAÇÃO
A investigação contou até mesmo com apoio da Embaixada dos Estados Unidos e ouviu mais de 20 pessoas. Kipper Mai foi ouvido no dia 10 de maio, em custódia, no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó
Segundo apurado pela Polícia Civil, o assassino teria escolhido a creche por ser um local onde as vítimas eram frágeis e que ele tinha plena consciência do que fez. A PC ainda apurou que ele premeditou o crime durante 10 meses.
“Ele tinha dificuldades de relacionamento em um nível muito acima do normal. Nos últimos tempos, ele cada vez mais foi se isolando no mundo”, disse o delegado Marçal Ferreira responsável pela investigação do caso. Além disso, o jovem tinha muito acesso a conteúdos inapropriados e contato com pessoas que pensavam como ele. O jovem alimentou o ódio a ponto de querer descarregar. “Não era alguém específico, era um ódio generalizado”.
Foi descoberto que durante o tempo em que ele planejou o crime, também participou de reuniões de discussões na internet sobre crimes graves e ainda relacionados a serial killers.
O ACUSADO JÁ FOI JULGADO?
Foto: Reprodução NDTV
Não! O processo ainda não teve uma decisão final. A dúvida da pequena comunidade ainda é a mesma: “ele será condenado ou declarado inimputável pelos possíveis problemas mentais?”
ENTÃO, COMO ESTÁ O PROCESSO DE KIMPPER MAI?
Conforme informações do portal ND+ de SC, no dia 8 de julho o acusado foi interrogado de maneira online e no dia 5 de agosto, 3 meses após o crime, foi realizada a primeira audiência de instrução e julgamento. Na ocasião, 13 pessoas entre vítimas e testemunhas foram ouvidas no Fórum de Pinhalzinho, Comarca da qual pertence o município onde o crime aconteceu.
Na segunda audiência, no dia 24 de agosto, mais 8 testemunhas foram ouvidas e o acusado também foi interrogado. Neste dia foi aceito o primeiro pedido de exame de sanidade mental.
Ao todo, foram três exames realizados até o momento, todos com laudos diferentes. O laudo da Polícia Científica concluiu que o autor do crime tem um transtorno psicótico denominado “esquizofrenia do tipo indiferenciada”, mas, na época em que ocorreu o crime, os sintomas da doença não afetaram sua capacidade de entendimento e determinação para cometer a crueldade.
Outros dois laudos foram inclusos no processo, um deles, realizado a pedido da defesa por um psiquiatra forense de São Paulo, que diagnosticou o acusado com “esquizofrenia paranoide em comorbidade com dependência de jogo pela internet”, fator que o impediria de ter que enfrentar o tribunal do júri.
Um terceiro exame foi elaborado a pedido do Ministério Público, e o diagnóstico foi de “síndrome deficitária (um possível retardo mental leve) atrelado a um transtorno de personalidade”, o que garante que o acusado pode sim sentar no banco dos réus.
A divergência entre os laudos fez o Juiz do caso concluir que a discussão sobre a saúde mental do jovem deve ser levada aos jurados, em sessão do tribunal do júri, exclusiva para isso.
A defesa pediu um novo exame, que foi negado, então o advogado recorreu ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, para mais uma instauração de incidente de sanidade mental. O processo segue suspenso até a decisão dos Desembargadores sobre o novo pedido da defesa.
O caso, que segue em sigilo, está no Fórum da Comarca de Pinhalzinho, cidade ao lado de Saudades. O Juiz da Comarca de Pinhalzinho, Caio Lemgruber Taborda é quem está com o caso.
VÍTIMAS DA CHACINA NA CRECHE PRÓ-INFÂNCIA AQUARELA
- Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, era professora e dava aulas na unidade há cerca de 10 anos
- Mirla Renner, de 20 anos, era agente educacional na escola
- Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses
- Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses
- Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses
EXCLUSIVO
A reportagem policial da Rádio Uirapuru com exclusividade conversou com a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr sobre o ocorrido. Na época do fato, Reinehr era governadora interina e foi até o município para prestar apoio para a família.
A vice-governadora nasceu em Maravilha, que é cidade vizinha de Saudades. Em entrevista ela destacou que sua cidade natal, na época em que ela residiu, tinha hábitos muito semelhantes a Saudades e quando algo dessa relevância acontece em uma cidade pequena, gera uma frustração ainda maior.
Radio Uirapuru