Imã – Júlia Scherer
Você volta sempre, a liberdade dá esse poder, ir e vir, tranquilamente, a falta de cobrança faz você sentir falta, você correr pro meu acalento, quando está sozinho.
Problema que eu aprendi a fechar a porta, eu abro a janela, digo que não tem ninguém e deixo você ali, esperando o trinco se movimentar.
Acontece que eu precisei jogar a chave da porta fora, precisei. É eu precisei, porque essa necessidade não era mais uma escolha, ou eu fazia isso, ou você ia acabar comigo, com minha autoestima, com minha vida.
Hoje eu vejo a vida que passou pela janela, enquanto eu te esperava, noite e dia, por essa mesma janela que você agora me vê passando, voando, brilhando, amando e sendo amada. Hoje a diferença é que eu não deixo você me acessar, eu tenho controle de tudo.
Você aí, eu aqui, convivendo comigo e com tudo que eu reconstruí depois de você. Eu posso ser como um imã, atraio tua atenção, mas também puxo pra mim tudo que eu sonhava em conquistar com você do meu lado.
Conquisto sozinha, porque tua ausência, na minha pior fase, conseguiu me fazer rochedo. Quando ia, eu ficava e não podia ir também, então aprendi que mesmo que as circunstâncias mudem, eu permaneço, moldo e tua presença aqui ou lá, não faz diferença.
Júlia Scherer
